27.2.12

Parada de estrelas

As duas melhores pessoas que conheci neste mundo sem meu Deus nem nosso Senhor foram Íris e Américo.

Ambos partiram desta para outra em datas próximas: ele, no dia 4 de setembro de 2008; ela, em 24 de maio do ano seguinte.

Hoje Américo completaria 101 anos. Razão para que eu poste, aqui, a oralização feita por ele (de memória, aos 97 anos!), no mês anterior à sua Grande Viagem de um dos poemas da extensa lavra que deixou – a serem publicados em livro ainda neste ano.

Até um dia, meu Pai, meu ancestre, meu Irmão!

Parada de estrelas from ricardo aleixo on Vimeo.


1.2.12

LITERATURA PARA QUEM?



É sabido que a presidente Dilma Roussef gosta de literatura, de livros, de escritores – e, claro, do bem que isso faz à sua imagem pública. Dilma gosta tanto do assim chamado mundo das letras que até um vestido com detalhe em forma de livro aberto ela tem, como se vê na foto abaixo.

O problema, visto aqui da periferia do capitalismo, digo, de Belo Horizonte, são os burocratas do Ministério da Educação, que pensam que podem mudar as regras do edital de um concurso – a 5ª edição do Literatura Para Todos, da qual fui um dos vencedores – como quem muda de roupa. Sem dinheiro para honrar o compromisso de pagar os prêmios, o MEC firmou convênio com a Unesco que viola os termos do Edital, uma vez que condiciona o pagamento dos R$ 10.000,00 devidos ao vencedor de cada categoria à cessão “por tempo indeterminado” dos direitos de publicação.

De acordo com o Edital, esses direitos seriam transferidos ao MEC por um prazo de 5 anos, sem exclusividade. Em outras palavras, os vencedores do Concurso, que, além do prêmio em dinheiro, oferecia como atrativo a publicação dos livros, poderiam dispor de suas obras como bem entendessem, durante a vigência do contrato. Com a entrada da Unesco na história, a situação mudou drasticamente: condicionar o pagamento do prêmio à cessão dos direitos por tempo indeterminado equivale à compra da obra, por valores irrisórios, numa transação decidida de forma unilateral.

Como escritor, cidadão e eleitor – crítico – do governo Dilma Roussef, tenho o direito de esperar da presidente da República e de seus colaboradores gestos de real valorização da literatura, do livro e da leitura (e da cultura como um todo) que transcendam o mero marketing político e o palavrório inconsequente. Quando menos porque é conhecido meu posicionamento no ainda incipiente debate público sobre os direitos dos escritores no Brasil, não posso aceitar que o Estado imponha a forma pela qual o fruto do trabalho criativo deve ser posto em circulação.

5.12.11

6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN 2011-2012



Tempo totalmente tomado, nos últimos e nos próximos dias, pelos preparativos para a abertura do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN 2011-2012, que acontecerá nos dias 9, 10 e 11/12, no Cine Santa Tereza, como forma de anunciar os desdobramentos do evento, no período de janeiro a maio de 2012. Integrante do grupo de curadores do FAN em 1995 - ano um -, 2003 e 2005/2006, assisti mais ou menos de longe as edições de 2007 e 2009, certo de que já não tinha o que oferecer à realização do mais importante festival de arte e cultura de extração africana fora da África.

A convite da presidente da Fundação Municipal de Cultura, Thaïs Pimentel, voltei agora para fazer parte, junto com o músico e ator Gil Amâncio, a poeta e ensaísta Leda Martins e o gestor cultural Ibrahima Gaye (leia-se: Casa África), da Comissão de Organização do festival, que, repleto de novidades, caminha finalmente para sua consolidação no calendário cultural de Belo Horizonte. Por ora, é isso. Volto ao assunto nos próximos dias. Informações sobre a programação podem ser obtidas aqui. Será muito bom encontrar vocês por lá.

3.12.11

CARTA ABERTA À SECRETÁRIA DE ESTADO DA CULTURA DE MINAS GERAIS - II

Belo Horizonte, 2 de dezembro de 2011



Excelentíssima Senhora Eliane Parreiras
Secretária de Estado da Cultura de Minas Gerais



Senhora Secretária,


Escrevo-lhe, desta vez, com o fim de declinar do gentil convite que me foi feito pela senhora Solanda Steckelberg – a quem cumprimento –, Presidente da Fundação Clóvis Salgado, para conversarmos, em reunião proposta para o dia 16/12, sobre o episódio que motivou a redação e a publicização da minha Carta Aberta de 30/11.

Apesar de o lamentável episódio que denunciei ter tido lugar no Palácio das Artes, seu alcance diz respeito não apenas àquela instituição, mas ao órgão máximo da cultura no Estado – por ser o Terças Poéticas um projeto que integra o que deve constituir-se, por definição, como uma política pública para a Literatura em Minas Gerais.

Como escritor e cidadão, meu interesse prioritário, neste momento, é discutir não os nomes e as ações pontuais – por mais reprováveis que sejam – de profissionais que se encontram à frente de iniciativas da SEC voltados para a Literatura, mas o modo como a arte da palavra tem sido pensada pela atual gestão, em termos de política pública.

Adianto-lhe que sou um dos muitos escritores mineiros que começam a se mobilizar com o objetivo de discutir questões importantes para o setor, como a notícia – veiculada por jornal da Capital e não desmentida oficialmente –, sobre o não pagamento do Prêmio Governo do Estado aos vencedores da edição 2011 do referido certame.

Penso que poderá se mostrar extremamente proveitoso o aproveitamento, por essa Secretaria, da situação específica denunciada em minha Carta Aberta para um primeiro gesto de aproximação de sua gestão com aqueles que se dedicam profissionalmente à Literatura em Minas. Temos sentido falta de uma atenção especial a este campo que é, desde sempre, um dos sinais mais visíveis – inclusive no âmbito internacional – da excelência artística e cultural de Minas Gerais.

Queremos discutir, além da necessária continuidade do Prêmio Minas, caminhos que levem à consolidação do Suplemento Literário de Minas Gerais, finalmente dotando-o das condições necessárias para cumprir efetivamente o seu papel. Da mesma forma, interessa-nos pensar junto com sua equipe uma melhor forma de inserir a Literatura na programação da Rede Minas e da Rádio Inconfidência, bem como na pauta cotidiana de equipamentos como a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o Museu Mineiro, o já mencionado Palácio das Artes e outros.

Assim, senhora Secretária, solicito-lhe a fineza de examinar a possibilidade de abrir espaço em sua agenda para receber alguns escritores para apresentação, em detalhes, do pensamento, das realizações e das propostas de sua gestão (em curso ou ainda em fase de projeto) para a Literatura. Neste primeiro encontro poderiam ser definidas as bases para a relização, no próximo ano, de um grande Fórum sobre Políticas Públicas Para a Literatura aberto à participação de representantes de todo o Brasil, numa iniciativa – pioneira – que, asseguro-lhe, será muito bem recebida por todos, dada a secundarização a que historicamente são submetidos os profissionais da escrita no País.

Sem mais para o momento, coloco-me à sua disposição e subscrevo-me.

Cordialmente,

Ricardo Aleixo

30.11.11

CARTA ABERTA À SECRETÁRIA DE ESTADO DA CULTURA DE MINAS GERAIS



Belo Horizonte, 30 de novembro de 2011


À Excelentíssima Senhora Eliane Parreiras

Secretária de Estado da Cultura


Prezada Eliane Parreiras,


Cumprimentando-a cordialmente, solicito sua atenção para o relato de um grave episódio ocorrido na noite de ontem, na Sala do Coral Lírico do Palácio das Artes, onde se realizou mais uma edição do projeto Terças Poéticas. Junto com minha companheira, a poeta Mariana Botelho, que participou do referido projeto no dia 27 de agosto do ano em curso, estive lá a convite dos responsáveis pelo programa da noite, os poetas Álvaro Andrade Garcia e Luciana Tonelli.

Encerrado o recital, o curador do evento, senhor Wilmar Silva, abordou Mariana com o fim de lhe apresentar justificativas para o não pagamento, até o presente, do pró-labore referente à participação dela no Terças Poéticas. Segundo Mariana – que no momento estava acompanhada pela poeta Thais Guimarães, testemunha de todo o ocorrido –, o senhor Silva ia mostrando-se cada vez mais alterado à medida que suas débeis explicações para o considerável atraso no pagamento de um trabalho realizado há exatos três meses eram refutadas com a reiterada lembrança dos muitas tentativas de contato via email e celular, realizadas desde setembro, às quais o curador do evento deixara de responder.

Incapaz de responder com objetividade à observação de que, de acordo com a funcionária do setorfinanceiro do Palácio das Artes, o nome de Mariana Botelho sequer constava da lista que lhe fora enviada pelo curador do Terças Poéticas, o senhor Silva passou a desafiar a poeta a denunciá-lo junto à Secretaria de Estado da Cultura. E o fez, não tenho dúvidas, por ter ouvido da poeta a frase: “Se você tem problemas com o Ricardo Aleixo, resolva isso com ele, não comigo, que não me mudei do interior [da cidade de Padre Paraíso] para Belo Horizonte para herdar desafetos”.

Já na saída da sala do Coral Lírico, fui informado do episódio e subi de volta as escadas, com o objetivo de exigir do senhor Silva que tratasse Mariana Botelho com respeito, e que não transferisse para ela o ódio que parece sentir por mim (desde que escrevi em meu blog o post que pode ser lido neste link: http://jaguadarte.zip.net/arch2006-09-24_2006-09-30.html). Impedido por sabe-se lá quais motivos de ouvir o meu desabafo – feito diante de testemunhas – com a serenidade a que seu cargo o obrigaria, o senhor Silva tentou investir fisicamente contra mim, tendo sido impedido pela pronta e firme ação do poeta Bruno Brum. Quando lhe dei as costas para descer as escadas, o cada vez mais destemperado senhor lançou uma cusparada em minha direção, a qual, mesmo não tendo me atingido, confirmou, para mim e para as demais pessoas que presenciaram a deplorável cena, que tamanhas arrogância e grosseria são incompatíveis com a prática de um profissional da área cultural.

Escrevo-lhe, portanto, prezada Eliane Parreiras, para torná-la ciente de que fui tratado como um moleque por um colaborador de sua gestão (que, já não bastasse a apropriação indevida de um projeto e de um espaço da administração pública estadual para fins de autopromoção, ignora totalmente a compostura exigida pelo cargo que ocupa). Estou certo de que a senhora saberá honrar tanto o papel que lhe cabe como gestora pública quanto a condição privilegiada da literatura produzida em Minas Gerais no conjunto da cultura brasileira e imporá novo rumo a um projeto – o Terças Poéticas – conduzido, até aqui, de forma provinciana, amadora, imperita, desrespeitosa e, acima de tudo, carente de transparência.

Informo-lhe, para finalizar, que, dada a gravidade da situação acima descrita, e para tentar impedir ou, quando menos, relativizar a ação dos intrigantes de sempre, optei por dar ampla divulgação a esta correspondência. Colocando-me à sua disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, envio-lhe meu

abraço cordial.


Ricardo Aleixo - poeta, editor e integrante da Comissão de Organização do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN 2011-2012

28.11.11

FESTA


Lançado em setembro do ano passado, meu livro MODELOS VIVOS, publicado pela Editora Crisálida (de Belo Horizonte), ficou entre os 10 finalistas de dois dos mais importantes prêmios literários do País, o Jabuti e o Portugal Telecom.

Para comemorar o duplo feito, eu volto a apresentar, no próximo dia 3/12, sábado, às 21h, na Casa África, a performance MÚSICA PARA MODELOS VIVOS MOVIDOS A MOEDAS (poesia + música + ruidagem + vídeo + corpografia +).

Junto com poemas de MODELOS VIVOS musicados por mim, vou mostrar também algumas das canções que fiz em parceria com nomes como Chico Lobo, Mauricio Tizumba e o senegalês Zal Idrissa Sissoko, que fará uma participação especial tocando kora.

Serei acompanhado, nas canções, pelo violonista, guitarrista e arranjador Alvimar Liberato, meu parceiro desde a década de 1980. Na parte solo da performance, em que trabalho as peças mais abertamente experimentais, vou produzir a ruidagem por meio do uso de pedais que me permitem ampliar as possibilidades musicais da voz falada, cantofalada, gritada e sussurrada.

Em tempo: MODELOS VIVOS poderá ser adquirido pelo preço promocional de R$ 25,00. Será cobrado um couvert artístico de R$ 7,00. A Casa África fica na rua Tulipa, 215, bairro Esplanada. Reservas de mesas e maiores informações pelo telefone 36534244.