31.3.11

Etc.

Uma das músicas de Caetano Veloso de que mais gosto é a pouca conhecida “Etc.”, do disco O estrangeiro. Tanto que, por causa dessa peça única, tão bela quanto estranha, guardo até hoje a resenha dedicada pelo poeta, ensaísta e tradutor José Lino Grünewald (1931-2000) a um show de Caetano no Palace, em São Paulo (caderno "Ilustrada", Folha de S. Paulo, edição de 12/08/1989).

Leiam o trecho correspondente a “Etc.”: “(...) a música mais metalingüística desse show (e do disco): a sinalização crítica para o desperdício com as volutas do lugar-comum.” Leiam, agora, a letra, e ouçam a música, que encontrei num falso vídeo postado no youtube, enquanto eu fico daqui pensando na graça deste verso: “Quem tanto não vejo ainda?”.


Etc.



Estou sozinho, estou triste etc.

Quem virá com a nova brisa que penetra?

Pelas frestas do meu ninho

Quem insiste em anunciar-se no desejo?

Quem tanto não vejo ainda?

Vem, pessoa secreta. Vem, te chamo.

Vem

Etc.



Poesia aí

Além de uma programação de leituras e performances de fechar o comércio e o resto, com tanta gente boa e querida (Leo e Benja já são de casa; Bernardo Amorim está chegando), mais o lançamento do livro árvore em v (uma agradável surpresa) de Francesco Napoli e as mostras permanentes - imperdíveis -, teremos novo sorteio de livros. São 5 no total: basta, ao chegar, dizer seu nome para a produtora Sabrina Bueno, curtir a farra e cruzar os dedos. Até lá! Em tempo: o tal "redesenho estratégico" da programação, que mencionei dias atrás, nos propiciou o feliz acaso de ver reunidas, na mesma noite, as 4 moças mencionadas no cartazete. Tudo porque a noite de 1/4 era a única data possível para cada uma delas. A ZIP continua alheia a questões de gênero, raça e outras que tais - no que diz respeito à poesia, bem entendido -, embora seus curadores admitam que, sim, ouvir, numa noite só, as vozes de Ana Elisa Ribeiro, Ana Maria Martins, Mariana Botelho e Mônica de Aquino será, antes e acima de tudo, uma festa para ouvidos e olhos - e vice-versa.

28.3.11

Alegria

A ida ao Rio, para participar da abertura da mostra Poética expositiva, foi compensadora, muito. E feliz. Chance rara de ver a curadora Sônia Salcedo del Castillo em ação: da reiteração – em linguagem nada pedante – do conceito da mostra a ajustes na luz e ao reposicionamento de um cubo, a mulher estava ligava em tudo. Bom demais, também, poder rever os queridos Adolfo Montejo Navas e Lenora de Barros e conhecer a simpática Ana Liennemann (com Victor Arruda apenas troquei um rápido cumprimento e, devido ao enorme número de pessoas presentes, nem mesmo cheguei a ver Eduardo Coimbra).

Do ponto de vista estritamente profissional, a participação na mostra teve, para mim, o valor da confirmação de um caminho que já se enunciava há tempos, pelo menos desde o final dos anos 1990, quando passei a lidar de forma mais ostensiva e constante com questões das chamadas artes visuais – e, sob as bênçãos da saudosa Lígia Pape, a me definir como poeta e artista visual. Sem deixar de lado o trabalho como poeta, escritor e organizador de projetos ligados à palavra (vide o preparo dos 3 livros em que trabalho atualmente, a ZIP e a função de coeditor da coleção Elixir, da Tipografia do Zé), é na tentativa de constituição de uma poética visual que tenho me lançado nos últimos anos com maior afinco e prazer.

Poder mostrar parte da nova etapa de minha viagem criativa num lugar-chave para a arte brasileira é, assim, um modo de dizer que, daqui para a frente, topo colocar a cara a tapa num universo no qual, se não sou tratado necessariamente como um novato, tampouco estou longe de ser reconhecido. Será interessante vivenciar mais este desafio.

Para terminar, registro os maravilhosos encontros com alguns anjos: primeiro, a assistente de curadoria Elena Guimarães, sempre por perto, cuidando para que tudo saísse a contento, tal como pedi desde que fui convidado por Sônia Salcedo. Depois, a performer Charlene Sadd, recém-instalada no Rio, vinda de Maceió: ela não só filmou minha performance, como ainda levou Renata Marques, sua amiga, para fazer as fotos: um beijo para as duas!

E teve, já no sábado, Manoel Ricardo de Lima. Mestre do afeto, da gentileza e da boa prosa, meu amigo me ajudou a enfrentar as inacreditáveis lambanças feitas pela péssima Webjet – uma companhia aérea que não recomendo nem ao político mais corrupto – e ainda me levou para um passeio que incluiu almoço em Botafogo com o casal Vanessa e Leonardo Gandolfi, visita ritual à rua onde mora Roberto Carlos, na Urca, e, já na casa dele (do Mané, não do Rei), café com queijo e goiabada, ao som de canções de Ernesto Lecuona cantadas por vários intérpretes. Alegria.

25.3.11

ZIP na semana que vem



Hoje

Reitero o convite para quem estiver pelo Rio nesta sexta: às 19h, nas cavalariças do Parque Lage, abertura da mostra Poética expositiva, quando apresentarei a versão carioca (com sons do parque, vídeo novo e tudo) da performance Música para modelos vivos movidos a moedas. Por razões que não cabe discutir aqui, o livro Modelos vivos, do qual foi extraída a performance, não será lançado hoje, ao contrário do que eu anunciei meses atrás.

Em Belo Horizonte a ZIP continua, com as mostras, a instalação audiovisual, o monitor de tv que exibe imagens da edição de 2005 do evento (o saudoso Zé Maria Cançado dizendo seus poemas, meus queridos Francisco Kaq, Waldemar Euzébio e Ricardo Chacal performando e muita coisa mais). Devido a um redesenho estratégico do cronograma, não teremos na noite de hoje as leituras, as performances e a Feira de Inutensílios – que voltam a ocorrer, como previsto, na próxima sexta-feira.

18.3.11

Hoje na ZIP

Superados (com garra e alegria) os muitos problemas técnicos que se apresentaram, ontem, durante a montagem das salas da Grande Galeria do Centro Cultural da UFMG, a ZIP prossegue hoje com a abertura da instalação audiovisual, a adição de novas obras plástico-visuais, a abertura da Feira de Inutensílios. A partir das 19h, recital com os poetas Thais Guimarães, Kiko Ferreira e Tazio Zambi – que veio de Maceió por conta própria – e, na sequencia, a performance Anjo Digital, de/com a atriz Letícia Castilho. O bailarino Rui Moreira cancelou a apresentação da performance De ontem pra hoje..., devido a uma torção no tornozelo. Na foto, detalhe dos livros com as bandeiras de países imaginários de Guilherme Mansur.

16.3.11

Quem participa da ZIP

Instalação audiovisual:

Aggeo Simões + Marcus Nascimento & Amir Brito Cadôr & André Amparo + Ana Cristina Murta & André Vallias & Bruno Brum & Chico de Paula & Cris Ventura + Mariana Campos & Fábio Carvalho & Gabriela Marcondes & Grupo Aquífero Poético (Álvaro Andrade Garcia + Marcelo Dolabela + Sônia Queiroz + Francine Canto + Ilka Boaventura Leite + Jair Tadeu + Luciana Tonelli + Marcelo Dolabela + Silvana Leal) & Grupo TEXTA (Gláucia Machado + Susana Souto + Marcelo Marques + Tazio Zambi) & Joacélio Batista & Kiko Ferreira & Makely Ka & Manoel Ricardo de Lima & Marcelo Dolabela & Marcelo Kraiser & Marcelo Sahea & Maria Botelho & Ricardo Aleixo & Ricardo Corona & Ricardo Domeneck + Tetine & Sérgio Fantini & João Diniz & Tatu Guerra & Thais Guimarães & Tião Nunes & Suely Machado + Marcela Rosa &

Mostra de poemas-cartazes:

Bruno Brum & Cândido Rolim & Carlito Azevedo & Chico de Paula & Edimilson de Almeida Pereira & Fabrício Marques & Francisco Kaq & Gláucia Machado & Guilherme Mansur & Kiko Ferreira & Leo Gonçalves & Letícia Feres & Luciana Tonelli & Manoel Ricardo de Lima & Marcelo Sahea & Marcus Nascimento & Maria Esther Maciel & Mariana Botelho & Mônica de Aquino & Paulo Kauim & Pedrinho Fonseca & Renato Mazzini & Romério Rômulo & Tazio Zambi & Thais Guimarães & Vera Casa Nova & Wir Caetano & Wlademir Dias Pino &

Ciclo de performances:

Beatriz de Almeida Magalhães + Manoel Andrade & Benjamin Abras & Chico de Paula + Carmen Castro & Gil Amâncio + Tatu Guerra + Gabriela Guerra & Grupo de Pesquisas Sonoras da Fumec/GPS (Ricardo Aleixo + Chico de Paula + Daniel Mendonça + Julius César) & 1mpar & Leo Gonçalves & Letícia Castilho & Marcelo Dolabela & Marcelo Kraiser & PROJETO EULIPÔ (Antônio Barreto + Caio Junqueira Maciel + Francisco de Morais Mendes + Jeter Neves + Luís Giffoni + Maurício Meirelles + Rodrigo Leste + Sérgio Fantini) & Renato Negrão & Ricardo Aleixo + Iná Aleixo + Flora Aleixo + Gabriela Pilati & Rui Moreira & Waldemar Euzébio &

Recitais:

Bruno Brum & Kiko Ferreira & Gláucia Machado & Luciana Tonelli & Mariana Botelho & Mônica de Aquino & Thais Guimarães & Grupo Aquífero Poético & Tazio Zambi &

Obs.: A programação das sextas-feiras (dias 18 e 25/3, 1, 8 e 15/4), que inclui recitais, performances, a Feira de Inutensílios e lançamentos de livros, será divulgada sempre no início de cada semana. Em tempo: nesta primeira sexta-feira, depois das performances da atriz Letícia Castilho (Anjo Digital) e do bailarino Rui Moreira (De ontem pra hoje...), sortearemos o primeiro dos 5 pacotes de livros, dvds e revistas que reservamos para alegrar ainda mais a vida de quem curte “poesia &”.

Está chegando a hora

Quem foi que disse que ninguém liga para a literatura neste país?

15.3.11

Semana que vem, no Rio


Para quem estiver pelo Rio de Janeiro a partir da sexta-feira da semana que vem, dia 25, um programa imperdível (em cartaz até o dia 8 de maio): a mostra Poética expositiva, com curadoria de Sônia Salcedo del Castillo, sobre a qual já forma publicadas notícias aqui, aqui, aqui e aqui.

Um poema novo do André Vallias (com casca e tudo)



14.3.11

ZIP: novidades

Até sexta-feira passada a equipe da ZIP era composta por dois “faz-tudo” (Ricardo Aleixo e Chico de Paula, ou vice-versa), com a preciosíssima colaboração do técnico de áudio Daniel Mendonça, do Grupo de Pesquisas Sonoras da Fumec/GPS. Com alegria, comunico a chegada de três grandes reforços ao nosso time: Bruno Brum, que responderá com Chico e comigo pela curadoria, Sabrina Bueno (a foto acima foi feita por ela), que se responsabilizará pela produção executiva, e, para ajudar a finalizar a instalação audiovisual, a videoartista Raquel Pinheiro. Hoje, pela primeira vez, levantamos o número de poetas e artistas envolvidos, divididos entre aqueles que enviaram trabalhos e os que vão participar – presencialmente – das leituras e performances: cerca de 100! Mais um pouco de paciência e já já soltamos a programação completa, sem risco de alterações.

12.3.11

ZIP "para viagem"

Na próxima quinta-feira, dia 17/3, às 19h, abriremos, mais que uma nova edição da Zona de Invenç˜ao Poesia &, um novo formato de realização da ZIP. Em outras palavras: sem deixar de ser um minifestival que explora as relações da poesia – tomada enquanto arte verbal – com outros sistemas semióticos, ZIP amplia, a partir de agora, seu leque de ações.


Nossa ideia é trabalhar tanto com a possibilidade de apropriação criativa de um determinado espaço, como a Grande Galeria do Centro Cultural da UFMG, para atividades múltiplas, quanto com a definição de focos mais específicos, como o aprofundamento da pesquisa em torno de determinada área de criação (performance intermídia, videopoema, poesia sonora, livro-objeto e qualquer outra que se encaixe no conceito de “poesia &”).


Em termos práticos, sempre sob o enunciado “ZIP apresenta”, trabalharemos com projetos que oferecerão, além de produtos artísticos (mostras, performances, instalações), instâncias de debate, troca de experiências e desenvolvimento orientado de processos criativos. Melhor ainda: a letra “I” de ZIP também indica, “daqui para radiante” (Leminski dixit), nosso desejo de itinerância. Nossa vontade de invenção, ou melhor, de invenç˜ao, claro está, permanece – editada e sampleada. Volto ao assunto em breve.

11.3.11

Nota sobre a programação da ZIP

Em função da tentativa de resolução de algumas questões de ordem técnica, de que dependem a montagem e o pleno funcionamento da instalação audiovisual – uma das atrações da ZIP –, decidimos adiar para a próxima terça-feira, dia 15/3, a divulgação da programação completa do evento. Só para não deixar ninguém morrendo de curiosidade, vão aí os nomes de alguns dos participantes já confirmados: Wlademir Dias Pino, Álvaro Andrade Garcia, Marcelo Sahea, Marcelo Kraiser, Letícia Castilho, André Vallias, Thais Guimarães, Marcelo Dolabela, PROJETO EULIPÔ (Antônio Barreto, Caio Junqueira Maciel, Francisco de Morais Mendes, Jeter Neves, Luís Giffoni, Maurício Meirelles, Rodrigo Leste e Sérgio Fantini), Francisco Kaq, Bruno Brum, Manoel Ricardo de Lima, Gabriela Marcondes, Mariana Botelho, Leo Gonçalves e... aguardem novos comunicados.

Ricardo Aleixo e Chico de Paula – curadores

9.3.11

Dica(s)

Para saber detalhes sobre o livro do Poro, de que tive a honra de participar com um poema-ensaio, clique aqui. A propósito, o livro em questão fará parte do pacote de livros que serão sorteados na ZIP, nas noites de 18 e 25/3, 1, 8 e 15/4, quando acontecerão os recitais, performances e lançamentos.

7.3.11

100% negro gato (ou: sacanagem também é cultura)

Uma palavra sobre a ZIP

Quem é visitante assíduo desta posse sabe que, em 2006, deixei claro que não voltaria a realizar nova edição da ZIP/Zona de Invenção Poesia & se não passássemos a dispor de recursos financeiros que nos permitissem desenvolver a proposta sem os sobressaltos típicos das ações culturais independentes. Sequer considerei, desde então, a hipótese de inscrever o projeto da ZIP nas leis de incentivo. Também decidi não gastar latim nos balcões dos órgãos públicos de cultura, com sua surdez funcional.

Minha certeza de que a ZIP passara a fazer parte do passado recente da poesia em (e não de) Belo Horizonte só durou até cerca de 2 meses atrás, quando recebi um convite da poeta e ensaísta Sônia Queiroz, atualmente na direção do Centro Cultural da UFMG, para pensar nalguma proposta para a Grande Galeria da instituição. Dinheiro não haveria, mas poderíamos dispor de toda a infraestrutura técnica e de pessoal existente no Centro.

Beleza de proposta, salvo pelo fato de que era para acontecer já – entre 17/3 e 17/4. Marquei uma reunião com Chico de Paula (um poeta/artista que consegue ser ainda mais atirado do que eu nessa história de querer fazer as coisas, ao invés de ficar só na fila guichê de reclamações), de onde saímos com um projeto tão parecido com a ZIP que logo passamos a chamá-lo de ZIP.

E aí começou o melhor da história: feitos e aceitos os primeiros convites, a notícia começou a correr entre os interessados nas transas de “poesia &”, fazendo com que Chico e eu passássemos a lidar com o tão inesperado quanto delicioso problema de tentar encontrar lugar para todo mundo na programação. Mas isso é assunto de que tratarei aqui só depois do carnaval. Por ora, só quero repetir o grito com que Ricardo Chacal, em 2005, saudou a primeira edição da Zona de Invenç˜ao Poesia &: “ZIP! ZIP! HURRA!”.

3.3.11

ZIP

NA PRÓXIMA QUINTA-FEIRA SERÁ DIVULGADA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA.