18.2.10

De saída

Adotei a frase latina “esse, nosse, posse” (ser, conhecer, poder), conforme já expliquei um dia, como lema do jaguadarte. Mas já faz tempo que a conversa é bem outra. Esta “posse”, para ser como eu gostaria, me exigiria um tempo bem maior do que o que disponho hoje. Tenho muitas coisas para fazer, e muitas para não fazer, também – sendo que essas, vocês sabem, cobram atenção com a mesma insistência. É certo que voltarei a postar aqui um dia, mas não posso precisar quando. Agradeço aos que me alegraram com sua presença todos esses anos.

9.2.10

I'm New Here

Um email gentil do poeta e webdesigner André Vallias no fim da manhã de domingo me alertou sobre o lançamento do cd I’m New Here, do enormíssimo poeta, pianista, cantor, compositor e prosador Gil Scott-Heron, considerado um dos precursores do rap. Classuda e inspiradora – é o mínimo que posso dizer dessa incrível viagem poético-sonora que não consigo parar de ouvir. Para nós, poetas brasileiros, que ainda tememos explorar com liberdade (traduzindo: sem medo das patrulhas acadêmicas, com sua interminável discussão sobre o que é poesia e o que é letra de música) os múltiplos caminhos entre a entoação e o canto, o discão, com o vozeirão do homem em plena forma, vale por um workshop. Vale a pena ler também a ótima entrevista concedida por Gil ao jornal The Guardian, de Londres.

5.2.10

Nem chega a haver intervalo

«Quantos seres sou eu para buscar sempre do outro ser que me habita as realidades das contradições? Quantas alegrias e dores meu corpo se abrindo como uma gigantesca couve-flor ofereceu ao outro ser que está secreto dentro de meu eu? Dentro de minha barriga mora um pássaro, dentro do meu peito, um leão. Este passeia pra lá e pra cá incessantemente. A ave grasna, esperneia e é sacrificada. O ovo continua a envolvê-la, como mortalha, mas já é o começo do outro pássaro que nasce imediatamente após a morte. Nem chega a haver intervalo. É o festim da vida e da morte entrelaçadas.» [Lygia Clark, 1967]