30.10.12


OPORTUNIDADE


Vendo um pedal Loop Station RC-2 da Boss e um Cube Monitor CM-30 da Roland. 
O pedal foi adquirido em 2010, mas encontra-se em excelente estado de conservação, já que o usei pouco - por ter, logo depois, adquirido um novo equipamento que cumpre a mesma função, além de oferecer inúmeras outras (valor: R$ 500,00 à vista).

O monitor amplificado, que comprei em 2006, está, igualmente, em ótimas condições. Seu desempenho é o melhor possível, em termos de potência e qualidade sonora - sobretudo em performances poéticas, ou em apresentações de voz, violão e mais um ou dois instrumentos ou vozes. Recomendável também pela portabilidade (valor: R$ 600,00 à vista). 
Abaixo, os interessados (que poderão fazer contato por email: jaguadarte@hotmail.com) encontrarão links com informações detalhadas sobre cada um dos equipamentos.





11.9.12

DIA CAGE 2012

 
Em 2002, um grupo de artistas de diversas áreas - os poetas Ana Caetano, Marcelo Dolabela e Ricardo Aleixo à frente –, sediados em Belo Horizonte, tomou a iniciativa de se reunir para celebrar e repensar o legado do músico, poeta e artista visual estadunidense John Cage (12.8.1912-5.9.1992).
Como desdobramento do evento, intitulado ANÔNIMO ENTRA NA SALA: JOHN CAGE + 10 - 90, Ricardo Aleixo criou, em 2005, o DIA CAGE, que, sempre afeito às características iniciais, já teve duas outras edições, em 2007 e 2008.
Em 2012, ano no qual se comemora o centenário de nascimento do mais influente artista interdisciplinar do século XX, o DIA CAGE terá lugar no Empório Trecos e Afetos, uma simpática e acolhedora loja de variedades situada no segundo piso do Edifício Maletta que, de acordo com Ricardo Aleixo, afina-se completamente com o espírito do evento – baseado na cooperação entre os artistas.
Da edição deste ano participarão os seguintes nomes: Adriana dos Anjos, Barulhista Ga, Beatriz Mom, Bruno Brum e Tatiana Perdigão, Chico de Paula e Daniel Nunes, Christina Fornaciari, Francesco Napoli, Jorge dos Anjos, Leo Gonçalves, Marcelo Dolabela, Marcelo Kraiser, Marcelo Sahea, Marco Scarassati, Mariana Botelho, Paola Rettore, Renato Negrão, VOCO – Coro de Vozes Comuns – e Samuel Mendes.
Aníbal Cristobo e Eduardo Jorge participam com textos cedidos para a mostra de poemas. O primeiro, que vive em Barcelona, com “Os gatos de John Cage”; o segundo, atualmente radicado em Paris, com “Os gatos de Merce Cunningham” e uma tradução de um poema de John Cage dedicado a Marcel Duchamp.
Performances, leituras, ruidagem, feira de inutensílios (estande para venda de livros, cds, dvds e publicações culturais), mostra de vídeos e poemas visuais formam o cardápio da edição 2012 do DIA CAGE. A programação será aberta às 10h, com encerramento previsto para as 18h. Entrada franca. O Empório Trecos e Afetos fica na avenida Augusto de Lima, 233, loja 64, Edifício Maletta.

4.8.12

ACROBATA DA DOR


E o que é mesmo a performance ACROBATA DA DOR, que farei amanhã, em plena hora do almoço - 14h! -, ao lado do bailarino Mascote, no Teatro de Bolso Julio Mackenzie, no Sesc Palladium?

Poderia simplificar, dizendo que é só mais um trabalho meu, no qual celebro os 150 anos de nascimento do mais importante nome do simbolismo brasileiro, ou que é o meu melhor trabalho até agora - talvez seja -, mas prefiro ir direto ao ponto. Trata-se do meu encontro com o monstro (= o que se mostra) Cruz e Sousa. Com o que, nele, homem-signo, vida-texto, propõe desafios, cobra respostas - em forma de arte, de poesia, de vida que só se pode traduzir em mais vida.

Me preparei desde não sei quando para o encontro com Cruz e Sousa, e há mesmo algo de pacto na relação que me vi convidado/forçado a estebelecer com ele: "Há sempre um pacto com o demônio,e o demônio aparece ora como chefe do bando, ora como Solitário ao aldo do bando, ora como Potência superior do bando", anotam Deleuze e Guattari a respeito do "indivíduo excepcional" - que tem, dizem os pensadores franceses, "muitas posições possíveis".

Não é preciso conhecer muito da biografia de Cruz e Sousa e do impacto de sua presença, digamos assim, extravagante no ambiente artístico-cultural de sua época para reconhecê-lo na descrição que D e G traçam dessa figura - a do "indivíduo excepcional" - que, à semelhança da Josefina, a "camundonga cantora" de Kafka, "tem ora uma posição privilegiada no bando, ora se insinua e se perde anônima nos enunciados coletivos do bando".

Longe de me comparar ao poeta do Desterro - antigo nome de Florianópolis, cidade natal de Cruz -, o que faço é colocar-me à disposição de sua extraordinária arte para tentar ajudar a situá-la num quadro, como o da poesia brasileira contemporânea, em que o estranhamento já não parece ter vez nem voz, secundarizado por padrões de escrita em mais de um sentido adaptados ao espírito de conformismo característico do tempo agora.

Um rito: talvez seja essa a forma mais acertada de definir o (meu) ACROBATA DA DOR, que exibe como marca de parentesco com as minhas performances anteriores a condição de "obra permanentemente em obras", isto é, excessiva, aberta, inconclusa, vizinha de tudo que é borda, beirada, quina, encruzilhada.

Quem quiser ouver é só adiantar ou atrasar o almoço. O Sesc Palladium fica na avenida Augusto de Lima, 420. Entrada franca.
PS1: Na foto de Mariana Botelho, feita durante a filmagem do videopoema Acrobata da dor, em novembro de 2001, eu e o bailarino Mascote. 
PS2: Após a performance, meu livro Modelos vivos será vendido ao preço promocional de R$ 25,00.



20.6.12

Oficina
PALAVRA FALANTE: O JOGO DA POESIA
O que é: Com duração de 3 meses, esta oficina parte da ideia de que a performance poética pode ser definida como um jogo originado na íntima fusão entre a voz e o corpo do performador, sua vestimenta, os adereços cênicos, o espaço, o tempo, os equipamentos tecnológicos utilizados em cena e até mesmo as reações do espectador. Por meio de exercícios individuais e coletivos, conversas informais, audições comentadas de vídeos e áudios e leituras em voz alta de poemas de diversas épocas e culturas, a oficina tem como objetivo propiciar aos participantes a possibilidade de vivenciar a palavra poética em suas mais diferentes dimensões. Ao final do processo será montado um grupo estável de poesia e(m) performance, sob a direção do poeta e performador Ricardo Aleixo.

Local da oficina:Centro Cultural UFMG (avenida Santos Dumont, 174); fones 34098290 e 34098291

Valor do investimento:R$ 00,00

Número de vagas:25

Primeiro encontro:Sábado, 30/06, das 14h às 17h.

Preparação para o primeiro encontro:Além de roupas confortáveis para a prática de exercícios corporais, cada participante deverá levar: 1) filmadora (preferência para as de celular, ou de máquina fotográfica, pela facilidade de manuseio) com bastante memória disponível; 2) um poema ou texto em prosa que tematize o espaço (pode-se, evidentemente, optar por textos de autoria própria, mas considero mais generosa e instigante a escolha de criações alheias); 3) algum objeto de uso cotidiano (exceto eletrônicos) que possa ser utilizado para produzir sons; 4) uma venda para os olhos; 5) bloco de notas ou caderno e caneta.


RICARDO ALEIXO



Poeta, artista visual, sound designer, cantor, compositor, performador, ensaísta e editor. Publicou, entre outros, os livros "Trívio" (2001) e "Modelos vivos" (2010 – um dos 10 finalistas dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti 2011). Como solista ou integrante da Cia SeráQuê e do Combo de Artes Afins Bananeira-ciência, já performou na Alemanha, na Argentina, em Portugal, na França e nos EUA. Integra antologias, coletâneas e edições especiais de revistas e jornais dedicados à difusão da poesia brasileira nos EUA, na Argentina, em Portugal, na França, de País de Gales, em Angola e no México. Tem participado de importantes exposições coletivas, como "Poiesis < Poema entre pixel e programa >" (RJ, 2007), "Radiovisual – Em torno de 4’33”" (Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 2009) e "Poética Expositiva (RJ, 2011). É curador dos eventos ZIP/Zona de Invenção Poesia&, Dia Cage e Festival de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN. Edita a revista "Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro" e a Coleção Elixir, de plaquetes tipográficas. Tem, no prelo, seu primeiro livro de ensaios, "Palavras a olhos vendo – Escritos sobre escritas". Concentra seus projetos de criação e pesquisa no Laboratório Interartes Ricardo Aleixo, no bairro Campo Alegre, região norte de Belo Horizonte. [Foto: Paulo Filho].

30.5.12


Leitura-concerto
PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR






Um dos destaques da programação do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte, a leitura-concerto PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR, que será realizada hoje, no Teatro Francisco Nunes, às 19h, reunirá os poetas Abreu Paxe, de Luanda/Angola, Nina Rizzi (foto), do Ceará, Ronald Augusto, do Rio Grande do Sul, e Salgado Maranhão, do Rio de Janeiro, para apresentar poemas que tematizam o trânsito estético-cultural entre África e Brasil. 


Concebida e dirigida pelo poeta Ricardo Aleixo – que também integra a Comissão Organizadora e Curadora do 6º FAN –, a leitura-concerto tem origem no propósito de dar a conhecer a um público mais amplo uma produção poética que dialoga aberta e desafiadoramente com as formas textuais de extração africana, sem deixar de afirmar-se, para além dos estereótipos e das expectativas de tipo “politicamente correto”, como experiência radical de linguagem.


De acordo com Aleixo, localizar o que produzem tais poetas nesse “outro mesmo lugar” que é o da palavra vocalizada significa requalificar o debate acerca das relações infraestruturais entre a poesia e a música. O idealizador da proposta diz ainda que “numa leitura-concerto, índice de uma perspectiva que pode ser definida como camerística, a arte da palavra não é secundariza pela música, antes viabiliza-se, ela própria, como música, por resultar da exploração consciente da camada fônica/sônica da palavra.”
Projeções de vídeos confeccionados com base nos poemas de Abreu Paxe, Nina Rizzi, Ronald Augusto e Salgado Maranhão, ao longo da leitura-concerto, serão entremeadas às vocalizações dos poemas. Após a apresentação, livros dos poetas participantes serão comercializados no saguão do teatro, onde também ocorrerá uma sessão de autográfos coletiva. PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR terá a duração de 50 minutos, Entrada franca mediante retirada de ingressos na bilheteria do Teatro Francisco Nunes. 


SOBRE OS POETAS:


ABREU PAXE nasceu em 1969 no Vale do Loge, município do Bembe (Uíge, Angola). Alguns de seus livros publicados: “A Chave no Repouso da Porta” (INALD, 2003) que venceu o Prémio Literário António Jacinto e “O Vento Fede de Luz” (UEA, 2007). No Brasil, foi publicado nas Revistas Dimensão (MG), Et Cetera (PR), nas revistas electrónicas Zunai e Cronopios (SP), e na revista Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro (MG). 


NINA RIZZI, nascida em Campinas, vive atualmente em Fortaleza/ CE. Formada em Artes Dramáticas (ECA/USP) e História (UNESP), coordena o Centro de Artes 7 Setembro. Participa de saraus, festivais de arte, eventos literários e palestra sobre poesia, literatura, gênero e artes e é engajada em movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e o Movimento Arrastão. Lançou em 2012 “tambores pra n’zinga”, pelo selo Orpheu/ Ed. Multifoco. 


RONALD AUGUSTO é poeta, músico, letrista e crítico de poesia. Nasceu em Rio Grande (RS), em 1961. Publicou, entre outros livros, “Homem ao Rubro” (1983), “Puya” (1987), “Kânhamo” (1987), “Vá de Valha” (1992), “Confissões Aplicadas” (2004) e “No assoalho duro” (2007). É integrante do grupo os poETs, co-editor, ao lado de Ronaldo Machado, da Editora Éblis e também editor associado do website Sibila.


SALGADO MARANHÃO estudou Comunicação na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, onde mora desde 1973. Compositor-letrista, tem músicas gravadas por vários artistas como Amelinha, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola, Rosa Marya Colin, Vital Farias, Zizi Possi e outros. Em 1999, recebeu o Prêmio Jabuti. Venceu em 2011, com o livro “A cor da palavra”, o prêmio da Academia Brasileira de Letras, na categoria Poesia.

27.2.12

Parada de estrelas

As duas melhores pessoas que conheci neste mundo sem meu Deus nem nosso Senhor foram Íris e Américo.

Ambos partiram desta para outra em datas próximas: ele, no dia 4 de setembro de 2008; ela, em 24 de maio do ano seguinte.

Hoje Américo completaria 101 anos. Razão para que eu poste, aqui, a oralização feita por ele (de memória, aos 97 anos!), no mês anterior à sua Grande Viagem de um dos poemas da extensa lavra que deixou – a serem publicados em livro ainda neste ano.

Até um dia, meu Pai, meu ancestre, meu Irmão!

Parada de estrelas from ricardo aleixo on Vimeo.


1.2.12

LITERATURA PARA QUEM?



É sabido que a presidente Dilma Roussef gosta de literatura, de livros, de escritores – e, claro, do bem que isso faz à sua imagem pública. Dilma gosta tanto do assim chamado mundo das letras que até um vestido com detalhe em forma de livro aberto ela tem, como se vê na foto abaixo.

O problema, visto aqui da periferia do capitalismo, digo, de Belo Horizonte, são os burocratas do Ministério da Educação, que pensam que podem mudar as regras do edital de um concurso – a 5ª edição do Literatura Para Todos, da qual fui um dos vencedores – como quem muda de roupa. Sem dinheiro para honrar o compromisso de pagar os prêmios, o MEC firmou convênio com a Unesco que viola os termos do Edital, uma vez que condiciona o pagamento dos R$ 10.000,00 devidos ao vencedor de cada categoria à cessão “por tempo indeterminado” dos direitos de publicação.

De acordo com o Edital, esses direitos seriam transferidos ao MEC por um prazo de 5 anos, sem exclusividade. Em outras palavras, os vencedores do Concurso, que, além do prêmio em dinheiro, oferecia como atrativo a publicação dos livros, poderiam dispor de suas obras como bem entendessem, durante a vigência do contrato. Com a entrada da Unesco na história, a situação mudou drasticamente: condicionar o pagamento do prêmio à cessão dos direitos por tempo indeterminado equivale à compra da obra, por valores irrisórios, numa transação decidida de forma unilateral.

Como escritor, cidadão e eleitor – crítico – do governo Dilma Roussef, tenho o direito de esperar da presidente da República e de seus colaboradores gestos de real valorização da literatura, do livro e da leitura (e da cultura como um todo) que transcendam o mero marketing político e o palavrório inconsequente. Quando menos porque é conhecido meu posicionamento no ainda incipiente debate público sobre os direitos dos escritores no Brasil, não posso aceitar que o Estado imponha a forma pela qual o fruto do trabalho criativo deve ser posto em circulação.