29.10.10

Uma noite Creuza

Volta e meia me pergunto se a performance, como a entendo e pratico, pode ser vista e ouvida como uma forma de entretenimento. Acho que pode – pelos outros, não por mim, já que me vejo, cada vez mais, sempre que performo, dentro de um rito. Foi assim na emocionante "aparição" da noite de anteontem, junto com os meus amigos do Grupo Creuza (Carlos Arão, Marise Dinis e Marcelo Kraiser), no Fórum Internacional de Dança. Foi. Em tempo: as fotos (e também os trechos em vídeo, que você pode ouver aqui) são de Virgínia Junqueira.






24.10.10

Creuza por um dia

Tenho dito com frequencia o quanto meu projeto criativo deve ao convívio com o repertório técnico-formal e conceitual da dança, o que vem acontecendo desde 1999, quando passei a fazer parte da Cia. SeráQuê?. Daí o prazer com que recebi o convite dos integrantes do Creuza (Carlos Arão + Marise Dinis + Marcelo Kraiser) para presentar, junto com eles no próximo dia 27, quarta-feira, às 20h, no Teatro Marília, dentro da programação do FID/Fórum Internacional de Dança, sua nova “aparição”, intitulada Dissecação e Reconstrução de Danças do Passado. Na noite anterior, dia 26, no mesmo horário, o Creuza terá como convidado Eduardo Fukushima. O preço dos ingressos é um verdadeiro favor divino: meia, R$ 1,00; inteira, R$ 2,00.


22.10.10

Primavera dos Livros: a Crisálida está lá

Quem estiver pelas bandas do Rio de Janeiro não pode deixar de conferir a 10ª edição da Primavera dos Livros. Indico especialmente o estande da Livraria e Editora Crisálida, que levou, entre os livros de seu seleto catálogo, meu mais novo rebento, Modelos vivos.

19.10.10

De novo em Fortaleza

Alegria é poder estar pela segunda vez em dois meses na ensolarada Fortaleza, agora para oferecer, a convite do Centro Cultural Dragão do Mar, a oficina corpo: som : palavra : imagem, que teve início ontem e vai até sexta. Amanhã, dia 20, quarta-feira, lanço o Modelos vivos, às 19h, no Alpendre – Casa de Arte, Pesquisa e Produção, com direito a conversa e leitura de poemas. A organização do lançamento ficou a cargo do meu amigo poeta Carlos Augusto Lima, responsável, junto com a jornalista Júlia Lopes, pela entrevista mais sem pé nem cabeça que já concedi até hoje.

O endereço do Alpendre, que neste 2010 comemora 10 anos de resistência ativa: Rua José Avelino, 495, Praia de Iracema. O preço do Modelos vivos (só no dia do lançamento): R$ 30,00.

16.10.10

Nossa história

Difícil pensar em jornalismo cultural, no Brasil de hoje em dia, sem pensar na beleza que é o trampo competente e honesto feito por Pedro Alexandre Sanches. Além de escrever como quem conversa, Pedro deixa claro o que pensa. E pensa grande, o rapaz: com ousadia, liberdade, coragem. Espiem só este trecho de um post que ele produziu sobre uma entrevista que realizou, para o portal iG, com o rapper Emicida (é das coisas mais profundas que já li sobre como nós, brasileiros, lidamos com as várias formas de preconceito que grassam por aqui): Nesse embalo, quase imediatamente o espelho refletiu para o lado que faltava naquele triângulo: os homossexuais, a homofobia. E eu tenho certeza que todo mundo entendeu o que estava falando, mesmo que eu não tenha tido coragem de declarar ali, cândida e textualmente, que, sim, eu sou homossexual.”

Mulher na presidência

“Talvez eu não viva o bastante para ver uma mulher na presidência, mas sei que esse dia vai chegar”, dizia Américo (1911-2008), meu pai, nos seus últimos anos de vida. Desde o início da campanha presidencial, li em alguns blogs referências ao samba Mulher na presidência, composto e gravado por Aniceto do Império (1912-1993), num bonito disco de 1984, Partido Alto Nota 10, que conta com as participações especiais de Clementina de Jesus, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila e outros bambas. Tenho o tal CD, mas, ocupado com a finalização do Modelos vivos, acabei me esquecendo de procurá-lo. Ontem, um post do mestre Nei Lopes sobre Aniceto e seu partido alto premonitório me fez procurar de novo a bendita gravação. Vi, depois de encontrá-la, que a música já havia sido disponibilizada no youtube. A ela, portanto, com alegria e esperança – para o Brasil seguir mudando.

14.10.10

Alfacinha para o Egossauro

O grotesco é quase sempre, porém, um "arranhão" na crosta dos protocolos sociais, é uma visão incômoda do abismo das aparências superficiais. De fato, pode ser muito incômodo tomar consciência de que, em zonas de sombra do que vimos chamando de "espaço público", o máximo de "democracia" pode ser aquilatado pelo mínimo de qualificação humana, como tem demonstrado o Big Brother Brasil: o indivíduo sem nenhuma qualidade social é a estrela do show, é como se a palavra boçalidade precisasse de três "bês" (BBB) para ser grafada.

Não raro, a poesia expõe esse tipo de incômodo melhor do que a prosa de argumentos, a exemplo do excelente poeta mineiro Ricardo Aleixo, que indaga: "O que faz de um humano, humano? (...) Os sonhos dos políticos são da mesma matéria de que são feitos os sonhos dos humanos?" [Muniz Sodré, teórico da comunicação, jornalista e escritor, em artigo que pode ser na íntegra aqui]