30.11.11

CARTA ABERTA À SECRETÁRIA DE ESTADO DA CULTURA DE MINAS GERAIS



Belo Horizonte, 30 de novembro de 2011


À Excelentíssima Senhora Eliane Parreiras

Secretária de Estado da Cultura


Prezada Eliane Parreiras,


Cumprimentando-a cordialmente, solicito sua atenção para o relato de um grave episódio ocorrido na noite de ontem, na Sala do Coral Lírico do Palácio das Artes, onde se realizou mais uma edição do projeto Terças Poéticas. Junto com minha companheira, a poeta Mariana Botelho, que participou do referido projeto no dia 27 de agosto do ano em curso, estive lá a convite dos responsáveis pelo programa da noite, os poetas Álvaro Andrade Garcia e Luciana Tonelli.

Encerrado o recital, o curador do evento, senhor Wilmar Silva, abordou Mariana com o fim de lhe apresentar justificativas para o não pagamento, até o presente, do pró-labore referente à participação dela no Terças Poéticas. Segundo Mariana – que no momento estava acompanhada pela poeta Thais Guimarães, testemunha de todo o ocorrido –, o senhor Silva ia mostrando-se cada vez mais alterado à medida que suas débeis explicações para o considerável atraso no pagamento de um trabalho realizado há exatos três meses eram refutadas com a reiterada lembrança dos muitas tentativas de contato via email e celular, realizadas desde setembro, às quais o curador do evento deixara de responder.

Incapaz de responder com objetividade à observação de que, de acordo com a funcionária do setorfinanceiro do Palácio das Artes, o nome de Mariana Botelho sequer constava da lista que lhe fora enviada pelo curador do Terças Poéticas, o senhor Silva passou a desafiar a poeta a denunciá-lo junto à Secretaria de Estado da Cultura. E o fez, não tenho dúvidas, por ter ouvido da poeta a frase: “Se você tem problemas com o Ricardo Aleixo, resolva isso com ele, não comigo, que não me mudei do interior [da cidade de Padre Paraíso] para Belo Horizonte para herdar desafetos”.

Já na saída da sala do Coral Lírico, fui informado do episódio e subi de volta as escadas, com o objetivo de exigir do senhor Silva que tratasse Mariana Botelho com respeito, e que não transferisse para ela o ódio que parece sentir por mim (desde que escrevi em meu blog o post que pode ser lido neste link: http://jaguadarte.zip.net/arch2006-09-24_2006-09-30.html). Impedido por sabe-se lá quais motivos de ouvir o meu desabafo – feito diante de testemunhas – com a serenidade a que seu cargo o obrigaria, o senhor Silva tentou investir fisicamente contra mim, tendo sido impedido pela pronta e firme ação do poeta Bruno Brum. Quando lhe dei as costas para descer as escadas, o cada vez mais destemperado senhor lançou uma cusparada em minha direção, a qual, mesmo não tendo me atingido, confirmou, para mim e para as demais pessoas que presenciaram a deplorável cena, que tamanhas arrogância e grosseria são incompatíveis com a prática de um profissional da área cultural.

Escrevo-lhe, portanto, prezada Eliane Parreiras, para torná-la ciente de que fui tratado como um moleque por um colaborador de sua gestão (que, já não bastasse a apropriação indevida de um projeto e de um espaço da administração pública estadual para fins de autopromoção, ignora totalmente a compostura exigida pelo cargo que ocupa). Estou certo de que a senhora saberá honrar tanto o papel que lhe cabe como gestora pública quanto a condição privilegiada da literatura produzida em Minas Gerais no conjunto da cultura brasileira e imporá novo rumo a um projeto – o Terças Poéticas – conduzido, até aqui, de forma provinciana, amadora, imperita, desrespeitosa e, acima de tudo, carente de transparência.

Informo-lhe, para finalizar, que, dada a gravidade da situação acima descrita, e para tentar impedir ou, quando menos, relativizar a ação dos intrigantes de sempre, optei por dar ampla divulgação a esta correspondência. Colocando-me à sua disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, envio-lhe meu

abraço cordial.


Ricardo Aleixo - poeta, editor e integrante da Comissão de Organização do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN 2011-2012

5 comentários:

waldemar euzébio pereira disse...

Cuspir, humilhação, desprezo, escárnio. É... Algo está fora de controle para retroceder tanto.
"E agora, José? Cuspir já não pode",
já advertia o poeta da "pedra no caminho".

francesco disse...

Rick,

Repudio radicalmente a atitude desequilibrada do Wilmar. Acho lamentável. Você tem meu apoio.

abraço,

Ricardo Aleixo disse...

Muito obrigado, Waldemar! Francesco, te respeito cada vez mais, como artista e como pessoa. Gracias!

Anônimo disse...

uma briga de egos babaca!

dois coronéis, auto-proclamados poetas, se debatendo no curral belorizontino.

Ricardo Aleixo disse...

E eis que um habitante do curral, anonimamente como agem os covardes... entra em cena para dar coices no vento. Ê Velhorizonte!