A ferro e fogo from ricardo aleixo on Vimeo.
30.10.11
Salve, Jorge!
28.10.11
OBRACABADA

Numa encruzilhada de Madri, Ricardo Aleixo & Marcelo Sahea, integrantes do recém-criado grupo OBRACABADA – aqui, num frame de uma das muitos videoperformances que realizaram por lá. Do cardápio das aprontações intersígnicas do grupo, que será lançado oficialmente no dia 7 de dezembro, via web, fazem parte os seguintes tópicos: poesia falada cantada gritada sussurada cantofalada + arte sonora + arte vestual + cinema de poesia + música extrema + radiovideoarte + performance + artemídia + macumba para dadafrofuturistas + intervenção urbana + design gráfico + agricultura celeste + desobediência + resistência ativa +
26.10.11
Podia ter sido um desastre, mas: PESADO DEMAIS PARA A VENTANIA

8.10.11
Um presente do mestre Nei Lopes
FINA POÉTICA EM CAPA DURA
(quasipoema oito meses depois)
Fora de sacanagem!
A frase introdutora
De eu molecote
Me chega na entrega
Dos dois postais pacotes:
Um, Salgado Maranhão
O outro um Ricardo Aleixo.
Que doce
É esse salgado
Sem sombra de emaranhado.
Que absoluto nexo
É esse recado
Que liga o léxico
E o contexto se[ro]mântico
De cada um desses
Dois pacotes convites ao convescote
A mim e ao meu [con]texto?
Mineiro o emaranhado
Me disponho
Sem tentar decifrar
O que me traz essa mensagem
Postal
Contexto duplo
Gêmeo, mabaço:
Ibeji brinca
e reconduz meu passo.
Sem sacanagem:
Sábado, 25 de setembro
Assino, recebo, referendo
Dois livraços abraços
Aleixo, o salobro
Que pesca o peixe
E o mostra no anzol paterno.
E o doce Salgado
Que abole o emaranhado branco
Quase eterno
Da escrita.
Salgado
Negro olímpico!
Aleixo escrita zero máquina!
A poesia batia de novo
Em dose dupla
De leve
No meu fígado
No meu sábado.
Fina poética negra em capa dura.
Vinte e cinco de setembro
Quase Ibêji.
7.10.11
3.10.11
Em resenha inédita, Ângelo Oswaldo fala sobre "Modelos vivos"

A poesia de Ricardo Aleixo
Ângelo Oswaldo*
Em “Modelos Vivos”, Ricardo Aleixo reúne um conjunto significativo de poemas, depois de largo momento voltado para outras formas de expressão poética, tais como performances, vídeos e canções. É um belo livro. Oferece destacada programação visual dirigida pelo autor, sendo enriquecido pela diversidade da produção que enfeixa.
Com a publicação, o poeta registra os seus cinquent’anos, não em celebração jubilar, mas para reiterar o compromisso do primeiro olhar, o desejo de querer ver, por sobre a visão deficiente, algo que valha a pena, para além da falta de perspectivas que percebe como tônica do nosso tempo.
Ricardo Aleixo vem de 1960 e é poeta que sintetiza, de modo original e referente, as inquietações, as rupturas e as angústias que convulsionaram o mundo neste meio século de transformações. Sua obra atinge pontos sempre mais altos. Se a visão está afetada, como a de Camões & Bob Creeley & Joan Brossa, ele enxerga aquilo que só o poeta vê e a poesia alcança, por cima do glaucomatoso de Glauco & Borges, numa respiração. São poderosas as suas antenas, e é com elas que se faz o poeta, segundo Ezra Pound. Como o anjo de um poema do livro, o poeta aprende a se ver pelo avesso.
As palavras “são peles de silêncios habitáveis”. Ricardo Aleixo as veste, no seu “poemanto”, qual um parangolé de Hélio Oiticica (obra para vestir) ou como passos de Merce Cunningham (obra para dançar) ou o rito dos Eguns (obra para reviver). A palavra é viva e é vivida pelo poeta, que a escreve-inscreve com seu corpo e com ela o cobre, volatiza o andar, sonoriza o espaço, toca o tempo. O “poemanto” é imantação da poesia no corpo do poeta.
Nessa corpografia, ao pé da letra de Artur Bispo do Rosário, “andando em círculos” (porque “estamos mesmo é andando em círculos”), o poeta usa o seu manto como o toureiro a capa, em passos encadeados como numa fuga, ou o agita num batuque, revira-o em volteio de volutas em altares barrocos, ginga-o na reviravolta da capoeira ou mergulha na constelação de Mallarmé, soltando as palavras no espaço para reinventar o poema ao acaso de cada lance de corpo.
Inovadora e inventiva, instigante e incisiva, a poesia de Ricardo Aleixo apresenta uma linguagem própria, que não se restringe ou se reduz. É sempre múltipla e entregue a pesquisas sobre novas possibilidades. No final do poema que dá o título do livro, está a questão: “...Pergunto-me, como se perguntava Heinrich/ Kleist sobre os manipuladores de marionetes que tanto// encantavam o amigo a quem devia o despertar do interesse/ pelos mistérios daquela arte de rua, se os passantes-// pagantes conhecem os mecanismos que movem os modelos/ vivos; se possuem pelo menos uma ideia do belo na dança”. Têm, da mesma forma, os leitores que passam pelas livrarias alguma ideia do valor da obra de Ricardo Aleixo? É preciso urgência no conhecimento de um modelo vivo do poeta do nosso tempo.
* Crítico de arte, escritor e prefeito de Ouro Preto