4.4.11

A invenç˜ao da ZIP

Me emociono sempre que penso na ZIP: era para ser (só poderia ser) um ajuntamento de poetas e obras que nos permitissem ocupar as dependências da Grande Galeria do Centro Cultural UFMG, atendendo a convite de sua diretora, a poeta e ensaísta Sônia Queiroz. Porque não havia tempo para desenhar uma proposta mais consequente e porque – mais uma vez – não disporíamos de recursos financeiros para viabilizar o trabalho. Mas os deuses foram propícios e a ZIP tornou-se um grande acontecimento poético-politico (porque de “autoria” coletiva).

Entre a loucura que seria aceitar o desafio de montar um evento de grandes proporções sem contar, para isso, com qualquer recurso financeiro, e a simples recusa de tal opção, decidimos seguir, como nos ensinou Paulo Leminski, "pelo caminho mais difícil". E o milagre se fez. Alguns dos mais de 100 amigos-poetas/artistas que toparam participar sem nada receberem ainda nos ajudaram a resolver certos impasses do projeto expográfico. Um projeto, diga-se, feito às pressas, com base exclusivamente na experiência dos curadores e no exercício de imaginação a que nos entregamos para tentar entender de o modo mais prático e funcional de dispor as obras sem saber, muitas vezes, se poderíamos contar com a infraestrutura mínima demandada para o seu pleno funcionamento.

Fique claro que não faço, aqui, qualquer crítica ao Centro Cultural UFMG, que, colocando-se como parceiro, e não como mero hospedeiro, tentou e tenta suprir, dentro das suas possibilidades, as necessidades do nosso projeto. A ZIP, ao mesmo tempo que evidencia certas carências estruturais do Centro – como, por exemplo, seu pequeno orçamento e a falta de pessoal especializado –, permite-nos a constatação do que é possível fazer quando se opera com criatividade, abertura dialógica e concessão de autonomia aos funcionários (mesmo aos estagiários) da Casa.

A quem ainda não teve oportunidade de visitar as mostras permanentes, nem de participar de uma das animadas sessões de sexta-feira à noite, quando ocorrem as leituras, performances, lançamentos de livros (e o já esperado sorteio de livros e revistas), sugiro que se programe e vá, pronto(a) para se admirar com a extrema riqueza da poesia brasileira contemporânea. Na melhor das hipóteses, sairá de lá com alguns bons argumentos para questionar a gritante ausência do poder público no esforço coletivo dos poetas para se fazerem ouvir nesta época em que, paradoxalmente, mandarins da cultura brasileira oficial se juntam para defender a tão singela quanto milionária premissa de que “o mundo precisa de poesia”.

8 comentários:

marciasobral disse...
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Ricardo Aleixo disse...

Ei, Márcia, tudo bem? O ideal será você tentar ir à ZIP na próxima sexta: além de comprar o livro (que tem edição limitadíssima), você ainda revê a Gláucia, ouve a leitura que ela fará e ainda pega uma dedicatória. Se quiser vir ao LIRA um dia (somos vizinhos, não é?), será um prazer. Te dou a dica por email. Grande abraço!

marciasobral disse...
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.geo disse...

Laroiê, All'Exu!
Siga firme, meu poet'amigo. De poesia e homens de poesia é que esse mundo mesmo precisa. Passo por'aqui para revigorar-me. Te mandarei um mail em breve. Desculpe-me a ausência na semana passada, mas essa pintarei por lá. Um abraço amigo, Geo

marciasobral disse...
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marciasobral disse...
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Anônimo disse...

Prezado poeta e editor
Ricardo Aleixo!

Não perderia esse lançamento por nada se estivesse em BH na data!
Viva todas as Liras.

Aguardo suas diretrizes,
não localizei como comunicar no reservado.

Um abraço,
Marcia Sobral

livrodeartista@gmail.com

Paulodaluzmoreira disse...

Que bom assistir ao gigante belohorizonte levantar-se do seu sono profundo! Tomara que essa agitação de gente inteligente e talentosa continue balançando!