27.4.11

Dois poemas de Mariana Botelho


toma

esgota tua menina


até que não reste uma fibra

no ventre ardendo em brasa


no corpo a se apagar na treva


dois vaga lumes no pote

e o silêncio dos retratos


bebe


*


matinal



mapear os trigais da

pele


saber-lhe o cheiro de

terra o intenso

sabor de

chuva


colher com discreta

violência o primeiro

silêncio do

dia

7 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

Ricardo,

devo agradecer-lhe pela oportunidade de ler Mariana mais uma vez, essa poeta do hoje escrevendo versos de sempre.



Forte abraço!

marcelo sahea disse...

Mas que beleza, Rique!

Mariana Botelho disse...

que honra estar no jaguadarte! :)

Ricardo Aleixo disse...

Wilson, você está certo: os versos da Mariana são "de sempre". Grande abraço! E não é, Marcelo querido? Mariana: saiba que "aparecer" neste jaguadártico antro é correr o risco de ficar mal falada. :)

nydia bonetti disse...

A poesia de Mariana tem um "tom" que me encanta. Gosto muito. Abraço!

Ricardo Aleixo disse...

Concordo com você, Nydia. Abraço!

Mônica de Aquino disse...

"Colher com discreta/ violência o primeiro/ silêncio do/ dia" já está na coleção de versos que amo, e que seguem o tempo todo comigo. Quando ouvi a gravação dos poemas da Mariana na Casa Una, fiquei impressionada! Outro comentário que eu não poderia deixar de fazer: a foto está linda!!