Lembranças de um feiticeiro, II. Nosso primeiro princípio dizia: matilha e contágio, contágio de matilha, é por aí que passa o devir-animal. Mas um segundo princípio parece dizer o contrário: por toda parte onde há multiplicidade, você encontrará também um indivíduo excepcional, e é com ele que terá que fazer aliança para devir-animal. Não um lobo sozinho talvez, mas há o chefe de bando, o senhor de matilha, ou então o antigo chefe destituído que vive agora sozinho, há o Solitário, ou ainda o Demônio. (…)
2 comentários:
3 -[...]A solidão o cerca o abraça, sempre mais ameaçadora, asfixiante, opressiva, terrível deusa e mater saeva cupidinum [selvagem mãe das paixões] - mas quem sabe hoje o que é solidão?...
4 [...]esse homem é exigente, mal acostumado, como todo aquele que viu abaixo de si uma multiplicidade imensa - torna-se o exato oposto dos que se ocupam de coisas que não lhe dizem respeito.
40 -o superanimal. -A besta que existe em nós quer ser enganada; a moral é mentira necessária, para não sermos por ela dilacerados [...]
Humano, Demasiado Humano. Friedrich. N.
Deleuze, no seu abecedário, fala do animal (um trecho):
"É isso que me fascina, todo o domínio dos signos. Os animais emitem signos, não param de emitir signos, produzem signos no duplo sentido: reagem a signos, por exemplo, uma aranha: tudo o que toca sua tela, ela reage a qualquer coisa, ela reage a signos. E eles produzem signos, por exemplo, os famosos signos... Isso é um signo de lobo? É um lobo ou outra coisa? Admiro muito quem sabe reconhecer, como os verdadeiros caçadores, não os de sociedades de caça, mas os que sabem reconhecer o animal que passou por ali, aí eles são animais, têm, com o animal, uma relação animal. É isso ter uma relação animal com o animal. É formidável."
Este post é maravilhoso (e a imagem idem): encruzilhadas: animal, devir-animal, feiticeiro, indivíduo excepcional (o chefe da matilha), o demônio...
Só mesmo exu para fazer tais ligações...
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