23.4.09

OGUNHÊ!

"Dia 23 continua sendo/ dia de Cowboy Jorge", já cantou Benjor. Dia, aqui em casa, de dar vivas ao Senhor Ogum, pedindo ao grande Ferreiro e Guerreiro para retribuir aqueles que porventura ocupam seu tempo comigo, dando-lhes em dobro o bom ou o ruim que lançaram em minha direção. Dia de dizer em voz alta este cantopoema que publiquei em 1996, no livro A roda do mundo:


OGUM


Ele avança
e até a terra treme.
Ogum com suas
quatrocentas
mulheres
e seus mil
e quatrocentos
filhos.
Alguém algum dia
falou enquanto
ele falasse?
Todos viram
os riscos
de corça
selvagem
que ele tem
na pele.
Toda aldeia
onde pisa
é um campo
de guerra.
Ogum mata
o rei e o povo
e aí acampa.
Ele abre estradas
por onde seus filhos passam.
Rei de Irê. Rei que ri
do ferro estorricando
o falo do macho e a xota
da fêmea.
Faz das cabeças
dos adultos
gongos
e usa as das crianças
como cabaças.
Ogum Iremojê
passeia com uma serpente
no pescoço.
Ogum Onirê, meu marido.
Alguém algum dia
ouviu sua voz suave?

5 comentários:

Cândido Rolim disse...

baita poema, Ricardo. bom ouvirve-lo sempre. abração
Cândido.

caio carmacho disse...

Ricardo, queria entrar em contato contigo pra fazer um convite/proposta via email mesmo.

Ficaria muito feliz se o mesmo fosse abraçado.

Por falar em abraço, abraço!

ARI disse...

http://www.sandermulder.com/about_time.html

Anônimo disse...

Belo poema, Ricardo, gosto muito desse livro, a meu ver, uma dos melhores trabalhos de nossa geração. O abraço do

Claudio Daniel

Coruja e Caracol disse...

O Poema "Ogum" é o mais bem dotado dos gajos literários brasileiros da atualidade, ao poeta, os meus cumprimentos.