O poema acima, do livro/DVD Modelos vivos - produzido com recursos do programa Petrobras Cultural -, que está quase no ponto para ganhar as ruas em agosto próximo, diz muito sobre a relação que venho mantenho com a arte verbal nos últimos 16 anos, desde que comecei a estudar a fundo a questão da palavra em performance.
Criado em 2006, como mote e título da performance que montei quando participei do projeto “Noite do Griot”, promovido pela Casa África, e logo depois retrabalhado como poema visual, Boca também toca tambor tornou-se, ainda, com o tempo, uma espécie de “vocograma” pessoal, ao qual atribuo funções as mais diversas: sua entoação serve tanto para o meu treino vocal diário e para os testes com o microfone em ensaios e passagens de som, quanto para me ajudar a recuperar o equilíbrio emocional em meio a alguma turbulência. Sem deixar, é claro, de ser uma saudação ao dono da fala.
Como sabem as pessoas que acompanham o que faço, sempre dou mais de um uso às minhas “inventações”, como dizem os baianos: Boca também toca tambor passa, assim, a intitular o workshop que oferecerei no LIRA, no dia 14/3, sábado, das 9h às 13h, em torno da exploração das dimensões percussiva e timbrística do signo verbal, para fins de criação do que chamo de “textos-tambores” (dos cantopoemas rituais africanos e da diáspora negra – e o peso de sua influência sobre o projeto sonoro de dadaístas e cubofuturistas – aos "africanismos" de Raul Bopp, Jorge de Lima e Ascenso Ferreira; das proezas vocais de Clementina de Jesus e Amiri Baraka ao batuque camerístico de Bob McFerry e Naná Vasconcelos; do rap ao vissungo e ao neo-oriki).
Da metodologia fazem parte os seguintes recursos: audição comentada de gravações raras em áudio e vídeo – momento em que farei breves explanações sobre questões téoricas relacionadas às tecnologias da voz – e exercícios vocais/corporais individuais e coletivos. Como bonus track, mostrarei algumas peças inéditas que farão parte do DVD do Modelos vivos, além de realizações de outras fases da minha trajetória como poeta-performador.
Importante: devido às dimensões do espaço, apenas 10 vagas serão disponibilizadas. Público-alvo: poetas, cantores/as, profissionais/estudantes de artes cênicas, arte-educação, letras e demais interessados na questão da voz e do corpo como elementos estruturantes nas poéticas de extração africana. Valor do investimento: R$ 100,00. Até o dia 25/02, os interessados deverão enviar carta de intenções (máximo de 10 linhas) e breve currículo para a produtora Jaqueline Melo (lira.jaquelinemelo@gmail.com), que poderá, também, fornecer maiores informações sobre a atividade.
Um comentário:
gosto disso hein...ainda que a voz tenha estado tomada pelo timbríco sono.
boas notícias...abs
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