22.9.11

Como diz a letra de Antonio Risério,

"eu vi [estou vendo] um Jabuti comendo jabuticaba".

19.9.11

Música para modelos vivos movidos a moedas

A performance Música para modelos vivos movidos a moedas, na versão que só será mostrada nesta quarta-feira, 21 de setembro, se metamorfoseará em: 1) celebração do meu aniversário (51 anos + uma semana) e da classificação do Modelos vivos para a fase final do Prêmio Portugal Telecom; 2) banca de poeta-camelô, para venda do livro acima citado ao preço promocional de R$ 25,00; 3) show de calouros, que premiará com um exemplar do Modelos vivos cada uma das três melhores leituras em voz alta de um poema do livro. PS: Nesta quinta-feira, enquanto descanso da performance, volto a cuidar do assunto de que trato no post abaixo.

18.9.11

Com compreensão é mais caro

Alguém já disse, a respeito do lugar instável ocupado pelos artistas no mundo do trabalho, em países, como o Brasil, que tal situação refletiria um ponto de vista machista, o qual identifica a arte como “coisa de maricas”. Simples assim. Quem já preencheu um único formulário de alguma lei de incentivo sabe bem do que estou falando. O artista, para obter a espiga de milho (de milhões, para uns poucos) que lhe permita desenvolver o seu trabalho, justifica o injustificável, faz promessas impossíveis de cumprir, prova por a + b q sua arte é “útil” e “necessária”, conta e reconta centavos. Tudo para mostrar que sua ocupação é séria, porquanto desenvolvida nos moldes do que dele esperam o governo, os diretores de marketing, a mídia, as criancinhas pobres e todos os excluídos deste mundo grande sem porteira.

Também já foi vítima do machismo anti-artistas quem por acaso passou pela situação por que passo agora: dias depois de encerrado o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana, onde ministrei uma oficina, recebi email da coordenação do evento com uma pletora de documentos que eu deveria enviar para confecção do contrato. Não bastasse a solicitação dos documentos ter sido feita quando eu já me encontrava às voltas com outras atividades, o contrato continha uma série de pontos que eu gostaria de discutir, mas que, para receber logo e dar por encerrado o assunto, julguei mais pertinente ignorar. Santa ignorância, Batman! Descobri, dias atrás, que a verba da qual sairá o meu pagamento foi depositada na conta do Festival, mas ainda não pode ser movimentada, por se tratar de recurso advindo de lei de incentivo.

O problema é que ninguém me avisou que eu teria que trabalhar nessas condições: “fazendo fiado” para uma instituição pública. Parte-se da premissa de que artistas, seres “sensíveis”, “iluminados”, não devem ser incomodados com questões burocráticas – ou porque não se importam mesmo com elas, ou porque não teriam condições de compreender os meandros e meonardos da vida (burocrática) como ela é. Fui lesado, e é por isso que resolvi tornar público o problema. Escrevo para o setor financeiro do Festival e tudo o que fazem é me pedir “um pouco mais de compreensão”. Não compreendo, já que não gosto de ser tratado como moleque. Minha família, meus credores e meu desejo de viver dignamente também não compreendem. Meu advogado me disse para tentar compreender pelo menos até a próxima terça-feira, dia 20. Disse a ele que vou tentar. [A imagem acima é um hit da arte experimental brasileira: Zero cruzeiro, de Cildo Meireles].