
Belo Horizonte, 30 de novembro de 2011
À Excelentíssima Senhora Eliane Parreiras
Secretária de Estado da Cultura
Prezada Eliane Parreiras,
Encerrado o recital, o curador do evento, senhor Wilmar Silva, abordou Mariana com o fim de lhe apresentar justificativas para o não pagamento, até o presente, do pró-labore referente à participação dela no Terças Poéticas. Segundo Mariana – que no momento estava acompanhada pela poeta Thais Guimarães, testemunha de todo o ocorrido –, o senhor Silva ia mostrando-se cada vez mais alterado à medida que suas débeis explicações para o considerável atraso no pagamento de um trabalho realizado há exatos três meses eram refutadas com a reiterada lembrança dos muitas tentativas de contato via email e celular, realizadas desde setembro, às quais o curador do evento deixara de responder.
Incapaz de responder com objetividade à observação de que, de acordo com a funcionária do setorfinanceiro do Palácio das Artes, o nome de Mariana Botelho sequer constava da lista que lhe fora enviada pelo curador do Terças Poéticas, o senhor Silva passou a desafiar a poeta a denunciá-lo junto à Secretaria de Estado da Cultura. E o fez, não tenho dúvidas, por ter ouvido da poeta a frase: “Se você tem problemas com o Ricardo Aleixo, resolva isso com ele, não comigo, que não me mudei do interior [da cidade de Padre Paraíso] para Belo Horizonte para herdar desafetos”.
Já na saída da sala do Coral Lírico, fui informado do episódio e subi de volta as escadas, com o objetivo de exigir do senhor Silva que tratasse Mariana Botelho com respeito, e que não transferisse para ela o ódio que parece sentir por mim (desde que escrevi em meu blog o post que pode ser lido neste link: http://jaguadarte.zip.net/arch2006-09-24_2006-09-30.html). Impedido por sabe-se lá quais motivos de ouvir o meu desabafo – feito diante de testemunhas – com a serenidade a que seu cargo o obrigaria, o senhor Silva tentou investir fisicamente contra mim, tendo sido impedido pela pronta e firme ação do poeta Bruno Brum. Quando lhe dei as costas para descer as escadas, o cada vez mais destemperado senhor lançou uma cusparada em minha direção, a qual, mesmo não tendo me atingido, confirmou, para mim e para as demais pessoas que presenciaram a deplorável cena, que tamanhas arrogância e grosseria são incompatíveis com a prática de um profissional da área cultural.
Escrevo-lhe, portanto, prezada Eliane Parreiras, para torná-la ciente de que fui tratado como um moleque por um colaborador de sua gestão (que, já não bastasse a apropriação indevida de um projeto e de um espaço da administração pública estadual para fins de autopromoção, ignora totalmente a compostura exigida pelo cargo que ocupa). Estou certo de que a senhora saberá honrar tanto o papel que lhe cabe como gestora pública quanto a condição privilegiada da literatura produzida em Minas Gerais no conjunto da cultura brasileira e imporá novo rumo a um projeto – o Terças Poéticas – conduzido, até aqui, de forma provinciana, amadora, imperita, desrespeitosa e, acima de tudo, carente de transparência.
Informo-lhe, para finalizar, que, dada a gravidade da situação acima descrita, e para tentar impedir ou, quando menos, relativizar a ação dos intrigantes de sempre, optei por dar ampla divulgação a esta correspondência. Colocando-me à sua disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, envio-lhe meu
abraço cordial.
Ricardo Aleixo - poeta, editor e integrante da Comissão de Organização do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN 2011-2012