29.9.09

Dona Luísa


Minha relação de amizade mais longeva é com a Dona Luísa, que completa 102 hoje, cheia de graça e em plena posse da lucidez. Somos amigos desde que vim morar, com meus pais e minha irmã, no bairro Campo Alegre, região norte de Belo Horizonte, em 1969. Não fiquei amigo dela apenas por causa da fortíssima ligação dela com os meus pais, mas porque eu gostava de ir para sua casa, nos fins de semana, para ver com ela o futebol na televisão, numa época em que o cobiçado aparelho ainda não entrara em nossa casa. Eu tinha 9 anos e, desde então, nunca nos perdemos de vista. No dia em que bati a foto acima, umas três semanas depois da morte da minha mãe, Dona Luísa, assim que cheguei, me saudou com a frase “Isso é amor antigo!”, muitos abraços e lágrimas, tamanha era a alegria por me rever, entremeada à enorme tristeza que disse sentir pela partida dos meus velhos. Como minhas terças-feiras são muito puxadas, vou deixar para abraçá-la amanhã, com tempo para saborear sem pressa o café e aquelas palavras de tanta sabença. Com gente feito a querida Dona Luísa por perto, a vida – nem que seja pelo breve eterno tempo de um abraço – fica bem mais leve.

2 comentários:

rita brant disse...

Carinho poético é assim...

Ricardo Aleixo disse...

É isso mesmo, Rita. Abraço!