Na próxima segunda-feira, a partir das 19h, na Quixote Livraria e Café (rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi), teremos dois lançamentos: o do livro Cada, de Bruno Brum, e o do selo editorial LIRA, que criei sob pressão do sujeito poeta mencionado na linha anterior. É verdade. Depois de algumas tentativas frustradas, eu já havia descartado qualquer hipótese de editar outros livros que não os meus. Até que Bruno apareceu com sua admirável coleção de poemas novos em folha, nos quais identifiquei, de cara, uma unidade poucas vezes vista em trabalhos de poetas de sua faixa geracional. Mais que concordar em emprestar a ele o prestígio nenhum das quatro letras a partir das quais mobilizo minha cada vez mais escassa vontade de diálogo, entendi que o LIRA só fará pleno sentido se funcionar como uma espécie de incubadora de projetos artísticos e culturais. Bruno Brum, com seu novo livro, me permite entender uma frase que me encafifa desde a adolescência: "só se dá força a quem já a possui". Em outros termos, não se pode dar força a quem nem faz idéia da força que tem. Bruno chegou com um livro praticamente pronto - da seleção dos textos ao primoroso projeto gráfico. Se ele assim o quisesse, poderia tranqüilamente prescindir do meu aval ou do de qualquer outro nome um poucochinho mais "destacado" do que a média. Mas não. Quis porque quis, o cabeça dura, correr o risco de ter seu nome e seu trabalho vinculados ao projeto do LIRA - vale dizer, vinculado a mim e a toda sorte de energias contrárias que eu e meu trabalho "do contra" atraímos, nesta Velhorizonte e neste sertão das Gerais abandonados pelos deuses e, no que tange à poesia, pela insensibilidade dos órgãos públicos de cultura. Problema dele, não meu. Ambos sabemos, afinal, que só nos tornamos parceiros porque NÃO tenho qualquer plano de me tornar um "mandarim" - nem ele a disposição para servir -, no sentido que esta palavra ganhou no ambiente cartorial e promíscuo da assim chamada poesia brasileira contemporânea. Quisesse o Bruno abrigar-se sob a proteção de algum mandarinato poético, que procurasse mais para as bandas de São Paulo e Rio de Janeiro. De mim ele só pode esperar o que tenho para dar a poetas como ele: nada. Ou "força" (na acepção que a tradição iorubá confere a este lindo vocábulo: axé). E agora é com vocês. Quem quiser conhecer alguma da melhor poesia que se tem feito no Brasil, hoje, não pode deixar de ler o novo conjunto de poemas (a todos os títulos superior ao bom Mínima idéia, livro de estréia do poeta-designer) reunido em Cada. Em tempo: no lançamento, Benedikt Wiertz e eu participaremos (ele, com seus instrumentos indianos; eu, com meu laptop zoador) da performance-relâmpago com que Bruno Brum dará aos belorizontinos o privilégio de conhecer sua palavra nova e forte.
4 comentários:
Que maravilha! Que dupla! Que unidade! Salve sua força!
Ricardo, beleza? beleza! olha só. favor indicar como conseguir daqui da ponta do mapa um exemplar. diretamente no site da LIRA? fiquei de olho no livro bom do brum. abraçãoe parabéns a todos. Cândido Rolim
salve, rique!! bom, bom, bom o libro do brum!!
aproveito pra convidar pro lançamento do meu stet, na segunda-feira, dia 3 de dezembro, a partir de 19h , no BDMG Cultural (Av. Bernardo Guimarães, 1600, esquina com Bahia 1600).
Te espero lá prum chope, uma cana, um vinhgo honesto, meia dúzia de petiscos e conversa afiada.
hasta...
kiko ferreira
Ciência de ser verbo
Aos que sabem ser lobos,o fogo do peito escancarado e a ciência de noites inteiras,lhes basta, diante da boa mordida no calor da fome saciada...Você meu Preto Velho, que bem sabe ser pelintra...e brilha vermelho sobre preto.Saber dar axé.......que alegria a ciência de saber-se mais velho.
Um beijo na alma
www.benjaminabras.com
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