Uma das músicas de Caetano Veloso de que mais gosto é a pouca conhecida “Etc.”, do disco O estrangeiro. Tanto que, por causa dessa peça única, tão bela quanto estranha, guardo até hoje a resenha dedicada pelo poeta, ensaísta e tradutor José Lino Grünewald (1931-2000) a um show de Caetano no Palace, em São Paulo (caderno "Ilustrada", Folha de S. Paulo, edição de 12/08/1989).
Leiam o trecho correspondente a “Etc.”: “(...) a música mais metalingüística desse show (e do disco): a sinalização crítica para o desperdício com as volutas do lugar-comum.” Leiam, agora, a letra, e ouçam a música, que encontrei num falso vídeo postado no youtube, enquanto eu fico daqui pensando na graça deste verso: “Quem tanto não vejo ainda?”.
Etc.
Estou sozinho, estou triste etc.
Quem virá com a nova brisa que penetra?
Pelas frestas do meu ninho
Quem insiste em anunciar-se no desejo?
Quem tanto não vejo ainda?
Vem, pessoa secreta. Vem, te chamo.
Vem
Etc.
3 comentários:
Ricardo, de fato uma pérola e tanto. E observe que, por causa desses coloridos da fala, o "vem...etc" pode ser (e também é) captado pelo ouvido como um sutil "vem... e senta". coisa boa, rapaz! e tome abraços
Cândido.
"Vem... e senta": é, faz sentido, Cândido. Aliás, o que é que não faz sentido quando tudo cessa de fazer sentido, hein? Abraço, rapaz!
Ser "O" Ricardo Felizardo faz todo sentido! Caetano tem o Etc e Waldemas tem o etcétera e tal: "É só longe q eu posso sentir/q esse amor é mais q resistir/Liberdade sem etcétera e tal/pois amor ama o bem e o mal/Quem por muito feliz não ficou/quis amar o amor por amor/Quis se dar e ganhar por igual/mas amor ama o bem e o mal..." Se quiser ouvir o resto, venha e sente-se. Beijão, Gina
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