Se alguém perguntar por mim, diz que eu tenho andado na cola do artista plástico Jorge dos Anjos, filmando-o em seu ateliê, nós dois rindo de tudo o tempo todo. Quem chega perto nem pensa que é trabalho, mas é, sim, podem acreditar: meu primeiro vídeo-documentário, que registra a impressionante performance de Jorge na confecção das obras de sua nova exposição, A ferro e fogo, a ser inaugurada em outubro, na Galeria AM. Jorge dos Anjos, não é demais repetir, é o maioral, pelas bandas brasílicas do Atlântico Negro, quando se trata de resistência ativa (= força-invenção). Quem, por acaso, tiver dúvidas a respeito, que aguarde a nova série de trabalhos, realizados com ferro incandescente sobre feltro.
PS (enorme) roubado de uma resposta dada pelo cineasta Carlos Reichenbach ao também cineasta (e pesquisador) Carlos Adriano, em entrevista publicada há tempos na revista eletrônica Trópico: "Brincando de radicalizar, afirmo que daqui para frente só irei respeitar e admirar os criadores que tenham tido enfarte ou alguma doença séria, que tenham penhorado um dia a própria casa, que tenham colecionado títulos protestados, que tenham sido sustentados pela mulher em alguma ocasião da vida conjugal, que tenham sido abandonados pelas amantes e/ou tenham amado duas mulheres ou mais mulheres ao mesmo tempo, que tenham alçado o topo da montanha e descido ao fundo do poço e, sobretudo, que tenham conhecido de perto e na própria pele: a fome, a gula, a sede, o porre, a miséria, o desterro, a glória, a falência, a fartura, o desprezo, a paixão, o sucesso, o fracasso, a intolerância, o ciúme etc. etc. etc. A vida experimentada em sua plenitude é o maior manancial da criação."
4 comentários:
UHU!
ps. beleza de foto
Querido Ricardo, grande beijo pra ti e para Jorge. A idéia desse Doc, "pintura a ferro e fogo", já existe faz tempo e que bom que é vc quem está tomando conta dessa experiência.
Boas notícias, Ricardo. Grande abraço!
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