30.5.12
Leitura-concerto
PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR
Um dos destaques da programação do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte, a leitura-concerto PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR, que será realizada hoje, no Teatro Francisco Nunes, às 19h, reunirá os poetas Abreu Paxe, de Luanda/Angola, Nina Rizzi (foto), do Ceará, Ronald Augusto, do Rio Grande do Sul, e Salgado Maranhão, do Rio de Janeiro, para apresentar poemas que tematizam o trânsito estético-cultural entre África e Brasil.
Concebida e dirigida pelo poeta Ricardo Aleixo – que também integra a Comissão Organizadora e Curadora do 6º FAN –, a leitura-concerto tem origem no propósito de dar a conhecer a um público mais amplo uma produção poética que dialoga aberta e desafiadoramente com as formas textuais de extração africana, sem deixar de afirmar-se, para além dos estereótipos e das expectativas de tipo “politicamente correto”, como experiência radical de linguagem.
De acordo com Aleixo, localizar o que produzem tais poetas nesse “outro mesmo lugar” que é o da palavra vocalizada significa requalificar o debate acerca das relações infraestruturais entre a poesia e a música. O idealizador da proposta diz ainda que “numa leitura-concerto, índice de uma perspectiva que pode ser definida como camerística, a arte da palavra não é secundariza pela música, antes viabiliza-se, ela própria, como música, por resultar da exploração consciente da camada fônica/sônica da palavra.”
Projeções de vídeos confeccionados com base nos poemas de Abreu Paxe, Nina Rizzi, Ronald Augusto e Salgado Maranhão, ao longo da leitura-concerto, serão entremeadas às vocalizações dos poemas. Após a apresentação, livros dos poetas participantes serão comercializados no saguão do teatro, onde também ocorrerá uma sessão de autográfos coletiva. PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR terá a duração de 50 minutos, Entrada franca mediante retirada de ingressos na bilheteria do Teatro Francisco Nunes.
SOBRE OS POETAS:
ABREU PAXE nasceu em 1969 no Vale do Loge, município do Bembe (Uíge, Angola). Alguns de seus livros publicados: “A Chave no Repouso da Porta” (INALD, 2003) que venceu o Prémio Literário António Jacinto e “O Vento Fede de Luz” (UEA, 2007). No Brasil, foi publicado nas Revistas Dimensão (MG), Et Cetera (PR), nas revistas electrónicas Zunai e Cronopios (SP), e na revista Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro (MG).
NINA RIZZI, nascida em Campinas, vive atualmente em Fortaleza/ CE. Formada em Artes Dramáticas (ECA/USP) e História (UNESP), coordena o Centro de Artes 7 Setembro. Participa de saraus, festivais de arte, eventos literários e palestra sobre poesia, literatura, gênero e artes e é engajada em movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e o Movimento Arrastão. Lançou em 2012 “tambores pra n’zinga”, pelo selo Orpheu/ Ed. Multifoco.
RONALD AUGUSTO é poeta, músico, letrista e crítico de poesia. Nasceu em Rio Grande (RS), em 1961. Publicou, entre outros livros, “Homem ao Rubro” (1983), “Puya” (1987), “Kânhamo” (1987), “Vá de Valha” (1992), “Confissões Aplicadas” (2004) e “No assoalho duro” (2007). É integrante do grupo os poETs, co-editor, ao lado de Ronaldo Machado, da Editora Éblis e também editor associado do website Sibila.
SALGADO MARANHÃO estudou Comunicação na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, onde mora desde 1973. Compositor-letrista, tem músicas gravadas por vários artistas como Amelinha, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola, Rosa Marya Colin, Vital Farias, Zizi Possi e outros. Em 1999, recebeu o Prêmio Jabuti. Venceu em 2011, com o livro “A cor da palavra”, o prêmio da Academia Brasileira de Letras, na categoria Poesia.
2.5.12
22.4.12
4.3.12
27.2.12
Parada de estrelas
As duas melhores pessoas que conheci neste mundo sem meu Deus nem nosso Senhor foram Íris e Américo.
Ambos partiram desta para outra em datas próximas: ele, no dia 4 de setembro de 2008; ela, em 24 de maio do ano seguinte.
Hoje Américo completaria 101 anos. Razão para que eu poste, aqui, a oralização feita por ele (de memória, aos 97 anos!), no mês anterior à sua Grande Viagem de um dos poemas da extensa lavra que deixou – a serem publicados em livro ainda neste ano.
Até um dia, meu Pai, meu ancestre, meu Irmão!
Parada de estrelas from ricardo aleixo on Vimeo.
25.2.12
1.2.12
LITERATURA PARA QUEM?

É sabido que a presidente Dilma Roussef gosta de literatura, de livros, de escritores – e, claro, do bem que isso faz à sua imagem pública. Dilma gosta tanto do assim chamado mundo das letras que até um vestido com detalhe em forma de livro aberto ela tem, como se vê na foto abaixo. O problema, visto aqui da periferia do capitalismo, digo, de Belo Horizonte, são os burocratas do Ministério da Educação, que pensam que podem mudar as regras do edital de um concurso – a 5ª edição do Literatura Para Todos, da qual fui um dos vencedores – como quem muda de roupa. Sem dinheiro para honrar o compromisso de pagar os prêmios, o MEC firmou convênio com a Unesco que viola os termos do Edital, uma vez que condiciona o pagamento dos R$ 10.000,00 devidos ao vencedor de cada categoria à cessão “por tempo indeterminado” dos direitos de publicação. De acordo com o Edital, esses direitos seriam transferidos ao MEC por um prazo de 5 anos, sem exclusividade. Em outras palavras, os vencedores do Concurso, que, além do prêmio em dinheiro, oferecia como atrativo a publicação dos livros, poderiam dispor de suas obras como bem entendessem, durante a vigência do contrato. Com a entrada da Unesco na história, a situação mudou drasticamente: condicionar o pagamento do prêmio à cessão dos direitos por tempo indeterminado equivale à compra da obra, por valores irrisórios, numa transação decidida de forma unilateral. Como escritor, cidadão e eleitor – crítico – do governo Dilma Roussef, tenho o direito de esperar da presidente da República e de seus colaboradores gestos de real valorização da literatura, do livro e da leitura (e da cultura como um todo) que transcendam o mero marketing político e o palavrório inconsequente. Quando menos porque é conhecido meu posicionamento no ainda incipiente debate público sobre os direitos dos escritores no Brasil, não posso aceitar que o Estado imponha a forma pela qual o fruto do trabalho criativo deve ser posto em circulação. |
Assinar:
Postagens (Atom)