11.9.12

DIA CAGE 2012

 
Em 2002, um grupo de artistas de diversas áreas - os poetas Ana Caetano, Marcelo Dolabela e Ricardo Aleixo à frente –, sediados em Belo Horizonte, tomou a iniciativa de se reunir para celebrar e repensar o legado do músico, poeta e artista visual estadunidense John Cage (12.8.1912-5.9.1992).
Como desdobramento do evento, intitulado ANÔNIMO ENTRA NA SALA: JOHN CAGE + 10 - 90, Ricardo Aleixo criou, em 2005, o DIA CAGE, que, sempre afeito às características iniciais, já teve duas outras edições, em 2007 e 2008.
Em 2012, ano no qual se comemora o centenário de nascimento do mais influente artista interdisciplinar do século XX, o DIA CAGE terá lugar no Empório Trecos e Afetos, uma simpática e acolhedora loja de variedades situada no segundo piso do Edifício Maletta que, de acordo com Ricardo Aleixo, afina-se completamente com o espírito do evento – baseado na cooperação entre os artistas.
Da edição deste ano participarão os seguintes nomes: Adriana dos Anjos, Barulhista Ga, Beatriz Mom, Bruno Brum e Tatiana Perdigão, Chico de Paula e Daniel Nunes, Christina Fornaciari, Francesco Napoli, Jorge dos Anjos, Leo Gonçalves, Marcelo Dolabela, Marcelo Kraiser, Marcelo Sahea, Marco Scarassati, Mariana Botelho, Paola Rettore, Renato Negrão, VOCO – Coro de Vozes Comuns – e Samuel Mendes.
Aníbal Cristobo e Eduardo Jorge participam com textos cedidos para a mostra de poemas. O primeiro, que vive em Barcelona, com “Os gatos de John Cage”; o segundo, atualmente radicado em Paris, com “Os gatos de Merce Cunningham” e uma tradução de um poema de John Cage dedicado a Marcel Duchamp.
Performances, leituras, ruidagem, feira de inutensílios (estande para venda de livros, cds, dvds e publicações culturais), mostra de vídeos e poemas visuais formam o cardápio da edição 2012 do DIA CAGE. A programação será aberta às 10h, com encerramento previsto para as 18h. Entrada franca. O Empório Trecos e Afetos fica na avenida Augusto de Lima, 233, loja 64, Edifício Maletta.

4.8.12

ACROBATA DA DOR


E o que é mesmo a performance ACROBATA DA DOR, que farei amanhã, em plena hora do almoço - 14h! -, ao lado do bailarino Mascote, no Teatro de Bolso Julio Mackenzie, no Sesc Palladium?

Poderia simplificar, dizendo que é só mais um trabalho meu, no qual celebro os 150 anos de nascimento do mais importante nome do simbolismo brasileiro, ou que é o meu melhor trabalho até agora - talvez seja -, mas prefiro ir direto ao ponto. Trata-se do meu encontro com o monstro (= o que se mostra) Cruz e Sousa. Com o que, nele, homem-signo, vida-texto, propõe desafios, cobra respostas - em forma de arte, de poesia, de vida que só se pode traduzir em mais vida.

Me preparei desde não sei quando para o encontro com Cruz e Sousa, e há mesmo algo de pacto na relação que me vi convidado/forçado a estebelecer com ele: "Há sempre um pacto com o demônio,e o demônio aparece ora como chefe do bando, ora como Solitário ao aldo do bando, ora como Potência superior do bando", anotam Deleuze e Guattari a respeito do "indivíduo excepcional" - que tem, dizem os pensadores franceses, "muitas posições possíveis".

Não é preciso conhecer muito da biografia de Cruz e Sousa e do impacto de sua presença, digamos assim, extravagante no ambiente artístico-cultural de sua época para reconhecê-lo na descrição que D e G traçam dessa figura - a do "indivíduo excepcional" - que, à semelhança da Josefina, a "camundonga cantora" de Kafka, "tem ora uma posição privilegiada no bando, ora se insinua e se perde anônima nos enunciados coletivos do bando".

Longe de me comparar ao poeta do Desterro - antigo nome de Florianópolis, cidade natal de Cruz -, o que faço é colocar-me à disposição de sua extraordinária arte para tentar ajudar a situá-la num quadro, como o da poesia brasileira contemporânea, em que o estranhamento já não parece ter vez nem voz, secundarizado por padrões de escrita em mais de um sentido adaptados ao espírito de conformismo característico do tempo agora.

Um rito: talvez seja essa a forma mais acertada de definir o (meu) ACROBATA DA DOR, que exibe como marca de parentesco com as minhas performances anteriores a condição de "obra permanentemente em obras", isto é, excessiva, aberta, inconclusa, vizinha de tudo que é borda, beirada, quina, encruzilhada.

Quem quiser ouver é só adiantar ou atrasar o almoço. O Sesc Palladium fica na avenida Augusto de Lima, 420. Entrada franca.
PS1: Na foto de Mariana Botelho, feita durante a filmagem do videopoema Acrobata da dor, em novembro de 2001, eu e o bailarino Mascote. 
PS2: Após a performance, meu livro Modelos vivos será vendido ao preço promocional de R$ 25,00.



20.6.12

Oficina
PALAVRA FALANTE: O JOGO DA POESIA
O que é: Com duração de 3 meses, esta oficina parte da ideia de que a performance poética pode ser definida como um jogo originado na íntima fusão entre a voz e o corpo do performador, sua vestimenta, os adereços cênicos, o espaço, o tempo, os equipamentos tecnológicos utilizados em cena e até mesmo as reações do espectador. Por meio de exercícios individuais e coletivos, conversas informais, audições comentadas de vídeos e áudios e leituras em voz alta de poemas de diversas épocas e culturas, a oficina tem como objetivo propiciar aos participantes a possibilidade de vivenciar a palavra poética em suas mais diferentes dimensões. Ao final do processo será montado um grupo estável de poesia e(m) performance, sob a direção do poeta e performador Ricardo Aleixo.

Local da oficina:Centro Cultural UFMG (avenida Santos Dumont, 174); fones 34098290 e 34098291

Valor do investimento:R$ 00,00

Número de vagas:25

Primeiro encontro:Sábado, 30/06, das 14h às 17h.

Preparação para o primeiro encontro:Além de roupas confortáveis para a prática de exercícios corporais, cada participante deverá levar: 1) filmadora (preferência para as de celular, ou de máquina fotográfica, pela facilidade de manuseio) com bastante memória disponível; 2) um poema ou texto em prosa que tematize o espaço (pode-se, evidentemente, optar por textos de autoria própria, mas considero mais generosa e instigante a escolha de criações alheias); 3) algum objeto de uso cotidiano (exceto eletrônicos) que possa ser utilizado para produzir sons; 4) uma venda para os olhos; 5) bloco de notas ou caderno e caneta.


RICARDO ALEIXO



Poeta, artista visual, sound designer, cantor, compositor, performador, ensaísta e editor. Publicou, entre outros, os livros "Trívio" (2001) e "Modelos vivos" (2010 – um dos 10 finalistas dos prêmios Portugal Telecom e Jabuti 2011). Como solista ou integrante da Cia SeráQuê e do Combo de Artes Afins Bananeira-ciência, já performou na Alemanha, na Argentina, em Portugal, na França e nos EUA. Integra antologias, coletâneas e edições especiais de revistas e jornais dedicados à difusão da poesia brasileira nos EUA, na Argentina, em Portugal, na França, de País de Gales, em Angola e no México. Tem participado de importantes exposições coletivas, como "Poiesis < Poema entre pixel e programa >" (RJ, 2007), "Radiovisual – Em torno de 4’33”" (Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 2009) e "Poética Expositiva (RJ, 2011). É curador dos eventos ZIP/Zona de Invenção Poesia&, Dia Cage e Festival de Arte Negra de Belo Horizonte/FAN. Edita a revista "Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro" e a Coleção Elixir, de plaquetes tipográficas. Tem, no prelo, seu primeiro livro de ensaios, "Palavras a olhos vendo – Escritos sobre escritas". Concentra seus projetos de criação e pesquisa no Laboratório Interartes Ricardo Aleixo, no bairro Campo Alegre, região norte de Belo Horizonte. [Foto: Paulo Filho].

30.5.12


Leitura-concerto
PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR






Um dos destaques da programação do 6º Festival de Arte Negra de Belo Horizonte, a leitura-concerto PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR, que será realizada hoje, no Teatro Francisco Nunes, às 19h, reunirá os poetas Abreu Paxe, de Luanda/Angola, Nina Rizzi (foto), do Ceará, Ronald Augusto, do Rio Grande do Sul, e Salgado Maranhão, do Rio de Janeiro, para apresentar poemas que tematizam o trânsito estético-cultural entre África e Brasil. 


Concebida e dirigida pelo poeta Ricardo Aleixo – que também integra a Comissão Organizadora e Curadora do 6º FAN –, a leitura-concerto tem origem no propósito de dar a conhecer a um público mais amplo uma produção poética que dialoga aberta e desafiadoramente com as formas textuais de extração africana, sem deixar de afirmar-se, para além dos estereótipos e das expectativas de tipo “politicamente correto”, como experiência radical de linguagem.


De acordo com Aleixo, localizar o que produzem tais poetas nesse “outro mesmo lugar” que é o da palavra vocalizada significa requalificar o debate acerca das relações infraestruturais entre a poesia e a música. O idealizador da proposta diz ainda que “numa leitura-concerto, índice de uma perspectiva que pode ser definida como camerística, a arte da palavra não é secundariza pela música, antes viabiliza-se, ela própria, como música, por resultar da exploração consciente da camada fônica/sônica da palavra.”
Projeções de vídeos confeccionados com base nos poemas de Abreu Paxe, Nina Rizzi, Ronald Augusto e Salgado Maranhão, ao longo da leitura-concerto, serão entremeadas às vocalizações dos poemas. Após a apresentação, livros dos poetas participantes serão comercializados no saguão do teatro, onde também ocorrerá uma sessão de autográfos coletiva. PALAVRAS DE UM OUTRO MESMO LUGAR terá a duração de 50 minutos, Entrada franca mediante retirada de ingressos na bilheteria do Teatro Francisco Nunes. 


SOBRE OS POETAS:


ABREU PAXE nasceu em 1969 no Vale do Loge, município do Bembe (Uíge, Angola). Alguns de seus livros publicados: “A Chave no Repouso da Porta” (INALD, 2003) que venceu o Prémio Literário António Jacinto e “O Vento Fede de Luz” (UEA, 2007). No Brasil, foi publicado nas Revistas Dimensão (MG), Et Cetera (PR), nas revistas electrónicas Zunai e Cronopios (SP), e na revista Roda – Arte e Cultura do Atlântico Negro (MG). 


NINA RIZZI, nascida em Campinas, vive atualmente em Fortaleza/ CE. Formada em Artes Dramáticas (ECA/USP) e História (UNESP), coordena o Centro de Artes 7 Setembro. Participa de saraus, festivais de arte, eventos literários e palestra sobre poesia, literatura, gênero e artes e é engajada em movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e o Movimento Arrastão. Lançou em 2012 “tambores pra n’zinga”, pelo selo Orpheu/ Ed. Multifoco. 


RONALD AUGUSTO é poeta, músico, letrista e crítico de poesia. Nasceu em Rio Grande (RS), em 1961. Publicou, entre outros livros, “Homem ao Rubro” (1983), “Puya” (1987), “Kânhamo” (1987), “Vá de Valha” (1992), “Confissões Aplicadas” (2004) e “No assoalho duro” (2007). É integrante do grupo os poETs, co-editor, ao lado de Ronaldo Machado, da Editora Éblis e também editor associado do website Sibila.


SALGADO MARANHÃO estudou Comunicação na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, onde mora desde 1973. Compositor-letrista, tem músicas gravadas por vários artistas como Amelinha, Elba Ramalho, Ney Matogrosso, Paulinho da Viola, Rosa Marya Colin, Vital Farias, Zizi Possi e outros. Em 1999, recebeu o Prêmio Jabuti. Venceu em 2011, com o livro “A cor da palavra”, o prêmio da Academia Brasileira de Letras, na categoria Poesia.